Ritual
de passagem marca ascensão social Asurini
A polêmica em torno do
projeto de construção da hidrelétrica de Belo Monte remonta a mais de 30 anos e
promete estender-se por tempo indefinido por envolver interesses conflitantes,
principalmente com os índios da região do Xingu, envolvendo o diretor do filme Avatar,
James Cameron, e a atriz Sigourney Weaver, que se reuniram com lideranças
indígenas da região. Nos anos 1980, o cantor Sting e o cacique Raoni enganjaram-se
na luta e conseguiram impedir a construção com projeto que alagaria uma área
três vezes maior do que a atual.
Os índios do Xingu são
pioneiros em lutas por direitos e homologações de reservas. Em terras paraenses
banhadas pelo rio Xingu estão os Aruwate, Caiapó, Juruna, Arara, Parakanã,
sendo a Asurini a mais importante etnia da região. Eles, após o contato com a
sociedade nacional, em 1971, foram denominados de Asurini pelas frentes de
atração, sofreram muitas baixas populacionais, colocando em perigo sua existência
física e cultural plena de extrema vitalidade, manifesta na realização de
extensos rituais, práticas de xamanismo e um elaborado sistema de arte gráfica.
Os Asurini que dominavam
a região entre os rios Xingu e Bacajá, conhecidos como Araweté, Arara,
Parakanã, recebiam o nome Asurini (Asonéri, na língua Juruna), que significa vermelho,
segundo o etnógrafo Curt Nimuendajú. Os habitantes de Altamira sempre chamaram
a margem direita do Rio Xingu como Terra dos Assuriní. O cronista o Condreau
também cita os asurini com um dos grupos que habita o Baixo Xingu.
Segundo Nimuendajú, a denominação dada pelos Kayapó aos Asurini é Kube-Kamrég-ti, (sendo Kube, índio; Kamrég-ti, vermelho; ti, aumentativo). De acordo com os Xikrin do Bacajá (subgrupo Kayapó), o nome que dão ao Asurini é Krã-akâro (cabeça com corte de cabelo arredondado, ou cabeça redonda). Nimuendaju menciona Asurini e Asurinikin como outras denominações do grupo, além de Surini, em Juruna; Adgí Kaporuri-ri (adji, selvagem, Kaporurí, vermelho, ri, muito), em Xipáia; e Nupánunupag (Nupánu, índio; pag vermelho), em Kuruaia.
Segundo Nimuendajú, a denominação dada pelos Kayapó aos Asurini é Kube-Kamrég-ti, (sendo Kube, índio; Kamrég-ti, vermelho; ti, aumentativo). De acordo com os Xikrin do Bacajá (subgrupo Kayapó), o nome que dão ao Asurini é Krã-akâro (cabeça com corte de cabelo arredondado, ou cabeça redonda). Nimuendaju menciona Asurini e Asurinikin como outras denominações do grupo, além de Surini, em Juruna; Adgí Kaporuri-ri (adji, selvagem, Kaporurí, vermelho, ri, muito), em Xipáia; e Nupánunupag (Nupánu, índio; pag vermelho), em Kuruaia.
Com qual uma dessas
denominações, os asurini vivem em aldeia em diferentes tipos de habitação,
sendo que as mais comuns, a do tipo regional, ou seja, com paredes de barro,
estrutura de madeira e cobertura de palha. A maior casa da aldeia (aketé,
tavywa) mede aproximadamente 30 metros de comprimento, 12 largura e 7 de
pé-direito, correspondendo a uma moradia característica dos Tupi: a planta é
retangular. Na cobertura é utilizado apenas o broto da folha de palmeira e na
estrutura são usadas determinadas espécies de árvores para cada posição,
construída com a participação de todo o grupo, sob a liderança dos que passarão
a residir na casa. No chão são enterrados os mortos e aí se realizam as
principais cerimônias asurini.
Tradicionalmente, a
aketé ou tavywa era a habitação coletiva de um grupo local, mas com o passar do
tempo os Asurini se reorganizaram em grupos formados por indivíduos de
diferentes locais e com população demograficamente desequilibrada. Desde a
época do contato a morte dos mais velhos abalou a estrutura política do grupo,
já que entre eles se encontravam os seus líderes. A maioria dos homens é xamã e
a intensificação dos rituais xamanísticos deve estar relacionada a esse esforço
de reorganização tribal.
A composição doméstica
revela uma estrutura social típica dos grupos Tupi, mas observa-se que na
essência a família é extensa formando um grupo de mulheres relacionadas por
parentesco, sob liderança de um homem. Os homens que pertencem a um mesmo grupo
doméstico, pelo casamento com mulheres aparentadas entre si, mantêm relações de
cooperação nas atividades de subsistência. Nas famílias nucleares, há vários
casos de poliandria. Nesses casos, a mulher mais velha já passou da fase de
procriação e a mais nova dedica-se intensamente às atividades rituais (são as
cantadoras que acompanham os pajés), ao aprendizado da arte gráfica (pintura
corporal e decoração de cerâmica) e auxilia a mãe nas atividades básicas de
sobrevivência (roça, cozinha, tecelagem, cerâmica e coleta).
A mulher asurini casa-se
na adolescência, mas só procriará o primeiro filho na juventude. Até esse
período dicará aprendendo e aperfeiçoando-se nas tarefas subsistência,
participando também dos rituais como cantadora. A confecção da cerâmica, muito
valorizada entre os Asurini, integra-se também como atividade excludente à
procriação da jovem mulher. Outra condição para a procriação é a existência de
dois maridos, um jovem e outro mais velho. Durante a gestação até o quarto mês,
vários homens participam da formação do feto e mantêm relações sexuais
freqüentes com a mulher para que a criança nasça forte.
No resguardo,
participam apenas os dois pais casados com a mãe. O pai mais velho será o
principal responsável pela educação do filho, se for do sexo masculino. Para o
mais novo, o nascimento do primeiro filho é marca de passagem de uma categoria
de idade à outra (essa passagem não é formalmente ritualizada entre os
Asurini). Os ritos de passagem são as cerimônias que marcam a mudança de um
indivíduo ou de um grupo de uma situação social para outra. Como exemplo,
podemos citar aqueles relacionados à mudança das estações, aos ritos de
iniciação, aos ritos matrimoniais, aos funerais e outros, como a gestação e o
nascimento
Todos os anos os
asurini se reúnem para realizar o cerimonial denominado Morohaitawa onde são
formados novos xamãs. É a preparação de um homem para o xamanismo, que começa
quando ele é jovem participando das festas do tabaco. A atividade xamanística é
intensa por isso todo homem assuriní é um pouco pajé. Eles consideram Mahira, o
seu velho avô, como o criador dos serem humanos e responsável pela instauração
da ordem na Terra, com poder de vida e morte sobre todos. Mahira também
contribuiu para a Cultura transmitindo conhecimentos como cultivo da mandioca,
confecção de flautas e músicas.
Os asurini coletam mel
e açaí para subsistência e para comercializar em pequena escala em Tucuruí.
Criam algumas cabeças de gado, mas apreciam a carne de caça de anta, veado,
caititu, cotia, macaco entre outras. A caça é uma atividade predominantemente
masculina, porém, as mulheres também caçam. A etnia atualmente usa espingarda
para caçar e anzóis na pescaria, além de tarrafas e malhadeiras.
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