O nascimento da nação Yanomami
Quem são eles, quantos são, como surgiram como uma etnia brasileira e o que o reconhecimento oficial desse pretenso povo representa em si
A
origem dos indígenas da Amazônia é um enigma a espera de elucidação até os dias
de hoje. Na verdade, a etnologia ainda não reconhece a teoria do
autoctonismo dos indígenas americanos, uma vez que
está sujeita a vários questionamentos, como por exemplo: de onde vieram? Quais
os meios e caminhos que percorreram até o continente americano? E por quais miscigenações
passaram? São perguntas ainda à espera de respostas mais precisas e que se
arrastam através do tempo.
Para
dificultar ainda mais o entendimento sobre nossas origens, desfilam polêmicas geradas
em torno de assuntos que envolvem verdade cientifica, manobras políticas, interesses
econômicos e cobiça multinacional, como a da existência ou não da nação
Yanomami, no setentrião brasileiro.
Sabe-se que a Reserva
Yanomami hoje possui em torno de 10 milhões de hectares, por força de Decreto
Presidencial, assinado pelo então presidente Fernando Collor, em 15 de novembro
de 1991. Esse território indígena abriga no lado brasileiro cerca de 11.700
indivíduos tidos como Yanomami (na Venezuela eles se somam a 15.193 índios). Inicialmente,
a área foi criada com 2,4 milhões de hectares, tão logo se tornaram conhecidos
os resultados do levantamento sobre as ricas jazidas minerais ali existentes,
realizado pelo Projeto Radam-Brasil, em 1975.
Há
denuncias, contudo, até da inexistência dessa propalada etnia e que ela teria
origem no Palácio de Buckingham (Inglaterra), que criou a organização
não governamental denominada Survival International (1969), cujo objetivo
principal de suas campanhas era a criação do Parque Yanomami, com recursos da Word
Wildlife Fundation (WWF), Sociedade para a Preservação da Fauna e da Flora
(inglesa) e dos magnatas James Goldsmith e seus primos da família Rothschild, um
dos principais grupos capitalistas do mundo.
Segundo o coronel Gelio
Fregapani, que serviu o Exército brasileiro durante quatro décadas, quase
sempre ligado à Amazônia, a grita dos ambientalistas serve a interesses
americanos e que a etnia Yanomami foi forjada pelos ingleses, cuja reserva
atual, é maior e mais rica província mineral do planeta, na tríplice fronteira
do Brasil, Venezuela e Guiana. “Nela, nem as Forças Armadas e a Polícia Federal
têm jurisdição por força de lei e já existe na Organização das Nações Unidas
(ONU) a idéia de torná-la nação independente do Brasil, por força de armas, se
necessário”, diz o oficial. Gelio Fregapani fundou e comandou o Centro de
Instrução de Guerra na Selva (SIGS), em Manaus-AM, além de ser autor de do
livro “Amazônia – A grande cobiça internacional” (Thesaurus Editora, Brasília,
2000, 166 páginas), obra polêmica e nacionalista.
O coronel Rubem Moura Jardim diz
que a Biblioteca do Exército distribuiu aos seus associados um livro de autoria
do coronel Carlos Alberto Menna Barreto, que denuncia a inexistência, em todo o
território brasileiro, de tribo indígena com a denominação “Yanomami”. Menna
Barreto (já falecido) era oficial pára-quedista com o curso de Comando e
Estado-Maior do Exército. Comandou o 26º Batalhão de Infantaria Pára-quedista e
o 2º Batalhão Especial de Fronteira, sendo, a seguir, titular do Comando de
Fronteira de Roraima (em território abrangido pela “Reserva Ianomâmi”, durante
os anos de 1969, 1970, 1971). Depois foi secretário de Segurança Pública do
atual Estado de Roraima, entre os anos de 1985 a 1988, portanto, tendo larga e
prolongada vivência nos assuntos daquela região amazônica.
Sua obra diz que percorreu
seguidamente o território da chamada “Reserva Ianomâmi”, fazendo pesquisas “in
loco” e onde constatou não haver nenhuma tribo com esse nome dentre as 18
relacionadas no Estado. Evocando o fato, concluiu o militar que a tribo Yanomami
não passa de história de ficção ou de uma farsa, o que o levou a dar o título
ao seu citado livro de “A Farsa Yanomami”. A obra ainda esclarece que
investigações feitas pelo autor e em estudos realizados por antropólogos e
Indianistas que percorreram a área em questão, jamais apareceram quaisquer
referências à tribo “Yanomami”, inclusive na publicação intitulada “Índios do
Brasil” (IIº volume), de autoria do Marechal Rondom.
O coronel Menna Barreto manifesta,
em “A Farsa Yanomami”, o seu espanto pela omissão histórica dessa etnia,
citando entre suas leituras Manoel da Gama, Lobo D'Almada, Alexandre Rodrigues
Ferreira, os irmãos Richard e Robert Schomburgk, Philip von Martius, Alexander
von Humboldt, João Barbosa Rodrigues, Henri Coudreau, Jahn Chaffanjon,
Francisco Xavier de Araújo, Walter Brett, Theodor Koch-Grünberg, Hamilton Rice,
Jacques Ourique, Cândido Rondon e milhares de exploradores anônimos que
cruzaram, antes disso, os vales do Uraricoera e do Orinoco, sem identificaram
quaisquer índios com esse nome.
Para ele, a fotógrafa romena
Claudia Andujar, segundo a qual grande parte das terras de Roraima, seriam de
posse “imemorial dos yanomami”, conseguiu a proeza de dar à ficção na imprensa
internacional e os “Yanomamis” passaram a “existir”. Garante que a romena é a responsável
pela “yanomamização” de uma babel de tribos que pouco ou nada têm entre si, a
não ser a vasta região onde vivem. São várias etnias, com costumes e línguas
diferentes, cujas culturas nem sequer registram o vocábulo “yanomami”, ou
semelhante. “E quando Brasília se deu conta de que o reconhecimento de grupos
indígenas requeria capacitação em Antropologia, o mal já estava feito: a
fotógrafa havia criado uma nação”, afirma Menna Barreto.
A própria Comissão Pró-Yanomami
(CCPY) reconhece que o etnônimo Yanomami foi criado pelos antropólogos a
partir da palavra yanõmami que, na
expressão yanõmami thëpë, significa
“seres humanos”, expressão oposta à yaro
(animais de caça) e yai (seres
invisíveis ou sem nome), bem com a napë
(inimigo, estrangeiro, “branco”). Apesar da polêmica, o fato está consumado e,
para todos os efeitos, não faltou quem não quisesse dar a sua mãozinha para
justificar essa causa ambientalista e humanitária dessa pretensa etnia
brasileira, a partir dos conflitos dos indígenas de Roraima com garimpeiros, cujo
ápice ocorreu no final da década de oitenta, quando houve uma verdadeira
corrida do ouro neste então Território Federal.
Logo então surgiu a construção do
etnônimo, da história e até do lendário Yanomami, sob as bênçãos do presidente
Collor de Mello, que procurava tão somente, satisfazer os interesses da
oligarquia britânica e do presidente George Bush (EUA), que lhes acenavam com a
ilusória possibilidade do ingresso do Brasil no clube das nações do chamado
Primeiro Mundo.
A Lenda – Os ditos Yanomami atribuem sua origem a cópula da
entidade Omama com a filha do monstro aquático Tëpërësiki, senhor das plantas
cultivadas. A criatura intermediária entre a natureza divina e humana é também
responsável pela criação das regras da sociedade e da cultura yanomami atual,
bem como a criação dos espíritos auxiliares dos pajés: os xapiripë (ou hekurapë).
O filho de Omama foi o primeiro xamã. O irmão ciumento e malvado de Omama,
Yoasi, é a origem da morte e dos males do mundo.
Os
venezuelanos atribuem o gênese Yanomami a Lua, que vivia no corpo de um
grande pajé. Quando o piaga morreu, a Lua saiu vagando pelo céu, mas voltou a
terra para comer a cinza dos ossos dele. Os parentes do pajé, ao deparar o ato
profano, tentaram em vão flechar a Lua, sem atingi-la, contudo. É que ela se
esquivava delas, escondendo-se atrás das nuvens. Mas no final uma flecha a
alvejou e a Lua começou a sangrar sobre a terra, brotando das gotas a nação Yanomami.
Apesar
de não possuírem afinidade genética, antropométrica ou lingüística com
os seus vizinhos atuais, como os Yekuana (de língua karib), que levam os geneticistas
e lingüistas a deduziram que os Yanomami seriam descendentes de um grupo
indígena que permaneceu relativamente isolado desde época remota, há quem
delegue a esta etnia origem Ínca, ou melhor, às ex-Virgens do Sol, ocorrida
durante as quatro datas nas quais migraram essas
mulheres com seus filhos bastardos e que provocaram o surgimento da enigmática
casta de índios brancos no Brasil, além das lendas como as das mulheres
sagradas sem marido, que os espanhóis denominaram Amazonas.
Os registros históricos, contudo,
dão conta que, quanto conjunto lingüístico, os antigos Yanomami teriam ocupado
a área das cabeceiras do Orinoco e Parima há mais de um milênio, onde iniciou processo
de diferenciação e desenvolvimento de suas línguas atuais. Segundo a tradição
oral e documentos mais antigos que mencionam esse grupo indígena, o centro
histórico do seu habitat situa-se na Serra Parima, divisor de águas entre o
alto Orinoco e os afluentes da margem direita do rio Branco, que ainda é a área
mais povoada por eles, tendo como dispersão de povoamento a partir dali para
terras baixas circunvizinhas. Tal ocorrência aconteceu provavelmente no século
XIX, após a penetração colonial na segunda metade do século XVIII.
Ainda sobre as ex-Virgens do Sol,
vale registrar que se presume que, caso seja verdadeiro, que além de
descendência incaica, os Yanomami podem ainda ter sangue espanhol (será?),
visto que a conquista de Cajamarca, no norte do Peru,
foi um dos episódios mais vergonhoso da história da América, tão cruel e
abusivo que nenhum cronista da época teve coragem de relatar, quando os 166
espanhóis de Pizarro apoderaram-se das “Virgens do Sol” transformando-as em concubinas
e gerando uma prole de bastardos abandonada à própria sorte.
É
natural que essas mães, por terem sido repudiadas pelos próprios Incas por seus
filhos brancos, iguais aos seus odiados inimigos, partiram para o êxodo na
direção do Norte (Equador), visto que os espanhóis ocupavam o sul. Do Equador continuaram
para a Colômbia (onde os indígenas jamais se integraram o império Inca) e de lá
para o Leste em direção ao Brasil, a única opção de sobrevivência, através o
caminho que alcançava os domínios do Imperador Guayana Capac, daí o nome
Guayana, Guiana em
português. O êxodo delas talvez tenha gerado os Yanomami, mas
é bem provável que elas tenham originado a Lenda das Amazonas vistas pela
expedição fluvial de Orellana.
Aliás,
uma lenda dos índios Taulipang em Roraima, obtida pelo pesquisador Köch
Grunberg em 1953, narra que um grupo de “mulheres sem marido” teria se fixado
primeiramente na serra Parima (Ulidján-Topo). Mais tarde, a metade delas
mudou-se para outra montanha, a leste de Tucutú (serras Tumucumaque, zona
limítrofe entre Brasil, Guiana atual e Suriname), migrando pelo território Wai
Wai, os quais até hoje descrevem a passagem destas “mulheres sem marido”. A
outra metade do grupo feminino ficou na primitiva morada da serra Parima. Nos
séculos seguintes, esse mesmo grupo passa a ser chamado de guaribas brancos na
Venezuela, chegando a nossa época com o nome de Yanomami.
Esta verdade merece ser revelada ao mundo, e a abusiva demarcação de terras indígenas numa situação que fragiliza a proteção das nossas fronteiras e a própria proteção dos índios, que estão a mercê dos interesses econômicos internacionais.
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