Parque
Nacional do Jaú e
Estação
Ecológica de Anavilhanas
Não
há quem não se encante ao conhecer o Rio Negro, seus tributários e florestas.
Talvez seu aspecto mais impressionante seja a interface entre as florestas e as
águas pretas dos rios, conhecido como igapós. Imensas áreas de inundação, com
variações que podem superar 6 metros, permitem que em boa parte do ano seja
possível passear de canoa em meio às copas das árvores. Além disso, inúmeras
ilhas, canais e lagos representam uma das características mais marcantes.
Apesar de sua imponência a região demonstra incrível fragilidade frente às
interferências humanas. Para protegê-la o Ibama conta com duas das mais
importantes unidades de conservação do país: o Parque Nacional do Jaú e a
Estação Ecológica de Anavilhanas.
A
preocupação e reconhecimento não apenas se restringem em nível nacional. Em
julho, a Unesco considerou as duas unidades de conservação federais do Rio
Negro, juntamente com as Reservas de Desenvolvimento Sustentável de Amanã e Mamirauá, do Governo do Amazonas, situadas
no Solimões, como Sítio do Patrimônio Natural da Humanidade com o nome Complexo
de Conservação da Amazônia Central. Para obter o título, o sítio deve
basicamente apresentar enorme riqueza em biodiversidade, ótimo estado de
conservação e valor estético singular.
Os
patrimônios naturais no Brasil compreendem também o Parque Nacional do Iguaçu
(PR), a Reserva da Mata Atlântica do Sudeste (SP e PR) a Reserva da Mata
Atlântica do Descobrimento (BA e ES), o Parque Nacional da Serra da Capivara
(PI) e o Pantanal (MT e MS). Portanto o Complexo de Conservação da Amazônia é o
primeiro e atualmente único sítio da nossa Região.
O
Parque Nacional do Jaú, desde 2.000, faz parte da lista do Patrimônio Mundial.
Criado em 1980, com seus 2 milhões e 272 mil hectares o Parque foi uma
proposição de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, que
ficaram impressionados com suas riquezas biológicas e belezas cênicas. Sua
peculiaridade deve-se ao fato de proteger totalmente a bacia de um rio extenso
e volumoso, com cerca de 400 km de extensão, o Rio Jaú. Sua denominação vem de
um dos maiores peixes brasileiros de água doce.
Esta unidade de conservação também chama a atenção do ponto de vista
arqueológico. Foi um dos principais pólos de colonização da Amazônia, pelos
indígenas, marcado por batalhas pela posse do território. É possível verificar
fragmentos de cerâmicas e pretoglifos de figuras humanas e animais, datados de
mais de 800 anos.
As
grandes áreas de inundação do Jaú impressionam, sendo impossível delimitar o
que pertence ao reino das águas e da floresta, pois os dois se integram e não
podem ser dimensionados separadamente. Nestas porções é possível avistar o
uacari-preto, um primata endêmico do Rio Negro que divide a mesma árvore da
floresta inundada com camarões de água doce e o jacaré-açu, um gigante que pode
atingir mais de 6 metros de comprimento. Em meio às corredeiras do Rio Jaú e
seus afluentes, é possível avistar ariranhas, a maior espécie de lontra do
mundo e uma diversidade de aves aquáticas que na época da piracema se banqueteiam
dos peixes que buscam locais de reprodução. É possível também avistar os
tuiuiús e colhereiros típicos do Pantanal que migram atrás desta abundância.
A
unidade de conservação dista cerca de 220 km de Manaus, entre os municípios de
Novo Airão e Barcelos. Seu acesso de dá somente por barco ou hidroavião. A
viagem em barco regional leva cerca de 18 horas de Manaus ou 6 horas de Novo
Airão, cidade mais próxima e que é interligada à capital por estrada.
Através
de parceria com a Fundação Vitória Amazônica várias pesquisas científicas têm
sido feitas no parque. Delas resultam importantes resultados que podem
inclusive subsidiar o uso sustentável de recursos naturais pelas populações de
toda a região.
A
Estação Ecológica destina-se a proteger as mais de 400 ilhas do arquipélago de
Anavilhanas, considerado um dos maiores do mundo. Localizada a pouco mais de 40
km da confluência do Rio Negro e Solimões, onde há o famoso encontro das águas,
a Estação Ecológica criada em 1981 estende-se por um território de 350 mil
hectares, abrangendo os municípios de Manaus e Novo Airão. Diversas e interessantes formações vegetais
podem ser encontradas como a caatinga-gapó e as campinaranas, além das
florestas de terra firme. Várias praias se formam no Verão, o que enriquece mais
a paisagem do labirinto formado pelos canais e ilhas. Os botos são uma atração
à parte aos visitantes. Antiga área de caça do peixe-boi, hoje a estação
proporciona proteção a este que é um dos mamíferos mais ameaçados da Amazônia,
que inclusive é festejado na cidade Novo Airão em uma manifestação ecológica
realizada anualmente. Apesar das restrições da Estação Ecológica, o turismo
direcionado à educação ambiental pode ser desenvolvido na região.
O título de Patrimônio
Natural da Humanidade não pode ser visto apenas como um prêmio, mas como uma
grande responsabilidade. A realidade amazônica não comporta visões que separem
o ser humano do meio ambiente natural. Na medida que o homem proporciona
proteção, a natureza o retribui com sua abundância. Esta lógica inegável une
intimamente o caboclo, a floresta e o rio, percepção que o Ibama do Amazonas
tem priorizado e inserido como novo enfoque às unidades de conservação.
Além
da contribuição como estoques aos recursos de subsistência para as populações
locais, as unidades de conservação devem também contribuir para o processo de
inclusão social, como por exemplo a atração do turismo responsável e
participativo e pesquisas de bases sustentáveis. O reconhecimento como
sítio do Patrimônio Mundial é portanto
marco importante no fortalecimento do processo de conservação da região.
Clima
- Constantemente úmido (florestas
tropicais). A temperatura média anual varia em torno de 26 C° e 26,7 C°, com
máximas de 31,4 e 31,7C° e as mínimas entre 22 C° e 23 C°. O período chuvoso
vai de dezembro a abril e o menos chuvoso entre julho e setembro.
O
que ver a fazer - O Parque conta com
a exuberância da floresta amazônica e toda sua biodiversidade de flora e fauna.
Turismo de visitação ao rio Carabinani em pequena escala.
Relevo
- O relevo da unidade apresenta
quatro formas distintas: áreas de acumulação inundáveis, áreas de planícies,
colinas e interflúvios tabulares.
Vegetação
- O parque é representado por um
maciço de vegetação, sendo composto por floresta densa tropical ou florestas
abertas e por campinaranas arbóreas, densas, abertas ou arbustivas.
Fauna - Estudos isolados revelam uma grande
diversidade de espécies de peixes, quelônios, anfíbios, lagartos, serpentes e
mamíferos. Entre as espécies ameaçadas , destacam-se jacaretinga, tartaruga da
amazônia, tracajá, jacaré-açu, gavião real, uacari-preto, ariranha, gato
maracajá e onça pintada.
Planejamento
- A unidade possui Plano de Manejo
eloborado em maio de 1998 e Plano de Ação Emergencial elaborado em agosto de
1995.
Infra-estrutura
- A unidade possui dois alojamentos
flutuantes (8 cômodos); uma casa de madeira; uma lancha, seis canoas; seis
motores de popa; dois botes; uma Toyota; automóveis, uma balsa flutuante;
material de escritório; equipamento de audio e vídeo; um rádio transmissor e um
atracadouro.
Questão
Fundiária da Unidade - A Unidade está
totalmente regularizada devido à questões administrativas, o Governo ainda não
indenizou as 58 famílias residentes no interior do Parque. A unidade possui
98,3% de sua área total regularizada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário