segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


Parque Nacional do Jaú e

Estação Ecológica de Anavilhanas

Não há quem não se encante ao conhecer o Rio Negro, seus tributários e florestas. Talvez seu aspecto mais impressionante seja a interface entre as florestas e as águas pretas dos rios, conhecido como igapós. Imensas áreas de inundação, com variações que podem superar 6 metros, permitem que em boa parte do ano seja possível passear de canoa em meio às copas das árvores. Além disso, inúmeras ilhas, canais e lagos representam uma das características mais marcantes. Apesar de sua imponência a região demonstra incrível fragilidade frente às interferências humanas. Para protegê-la o Ibama conta com duas das mais importantes unidades de conservação do país: o Parque Nacional do Jaú e a Estação Ecológica de Anavilhanas.

A preocupação e reconhecimento não apenas se restringem em nível nacional. Em julho, a Unesco considerou as duas unidades de conservação federais do Rio Negro, juntamente com as Reservas de Desenvolvimento Sustentável de Amanã  e Mamirauá, do Governo do Amazonas, situadas no Solimões, como Sítio do Patrimônio Natural da Humanidade com o nome Complexo de Conservação da Amazônia Central. Para obter o título, o sítio deve basicamente apresentar enorme riqueza em biodiversidade, ótimo estado de conservação e valor estético singular.

Os patrimônios naturais no Brasil compreendem também o Parque Nacional do Iguaçu (PR), a Reserva da Mata Atlântica do Sudeste (SP e PR) a Reserva da Mata Atlântica do Descobrimento (BA e ES), o Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) e o Pantanal (MT e MS). Portanto o Complexo de Conservação da Amazônia é o primeiro e atualmente único sítio da nossa Região.

O Parque Nacional do Jaú, desde 2.000, faz parte da lista do Patrimônio Mundial. Criado em 1980, com seus 2 milhões e 272 mil hectares o Parque foi uma proposição de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, que ficaram impressionados com suas riquezas biológicas e belezas cênicas. Sua peculiaridade deve-se ao fato de proteger totalmente a bacia de um rio extenso e volumoso, com cerca de 400 km de extensão, o Rio Jaú. Sua denominação vem de um dos maiores peixes brasileiros de água doce.  Esta unidade de conservação também chama a atenção do ponto de vista arqueológico. Foi um dos principais pólos de colonização da Amazônia, pelos indígenas, marcado por batalhas pela posse do território. É possível verificar fragmentos de cerâmicas e pretoglifos de figuras humanas e animais, datados de mais de 800 anos.

As grandes áreas de inundação do Jaú impressionam, sendo impossível delimitar o que pertence ao reino das águas e da floresta, pois os dois se integram e não podem ser dimensionados separadamente. Nestas porções é possível avistar o uacari-preto, um primata endêmico do Rio Negro que divide a mesma árvore da floresta inundada com camarões de água doce e o jacaré-açu, um gigante que pode atingir mais de 6 metros de comprimento. Em meio às corredeiras do Rio Jaú e seus afluentes, é possível avistar ariranhas, a maior espécie de lontra do mundo e uma diversidade de aves aquáticas que na época da piracema se banqueteiam dos peixes que buscam locais de reprodução. É possível também avistar os tuiuiús e colhereiros típicos do Pantanal que migram atrás desta abundância.

A unidade de conservação dista cerca de 220 km de Manaus, entre os municípios de Novo Airão e Barcelos. Seu acesso de dá somente por barco ou hidroavião. A viagem em barco regional leva cerca de 18 horas de Manaus ou 6 horas de Novo Airão, cidade mais próxima e que é interligada à capital por estrada.

Através de parceria com a Fundação Vitória Amazônica várias pesquisas científicas têm sido feitas no parque. Delas resultam importantes resultados que podem inclusive subsidiar o uso sustentável de recursos naturais pelas populações de toda a região.

A Estação Ecológica destina-se a proteger as mais de 400 ilhas do arquipélago de Anavilhanas, considerado um dos maiores do mundo. Localizada a pouco mais de 40 km da confluência do Rio Negro e Solimões, onde há o famoso encontro das águas, a Estação Ecológica criada em 1981 estende-se por um território de 350 mil hectares, abrangendo os municípios de Manaus e Novo Airão.  Diversas e interessantes formações vegetais podem ser encontradas como a caatinga-gapó e as campinaranas, além das florestas de terra firme. Várias praias se formam no Verão, o que enriquece mais a paisagem do labirinto formado pelos canais e ilhas. Os botos são uma atração à parte aos visitantes. Antiga área de caça do peixe-boi, hoje a estação proporciona proteção a este que é um dos mamíferos mais ameaçados da Amazônia, que inclusive é festejado na cidade Novo Airão em uma manifestação ecológica realizada anualmente. Apesar das restrições da Estação Ecológica, o turismo direcionado à educação ambiental pode ser desenvolvido na região. 

O título de Patrimônio Natural da Humanidade não pode ser visto apenas como um prêmio, mas como uma grande responsabilidade. A realidade amazônica não comporta visões que separem o ser humano do meio ambiente natural. Na medida que o homem proporciona proteção, a natureza o retribui com sua abundância. Esta lógica inegável une intimamente o caboclo, a floresta e o rio, percepção que o Ibama do Amazonas tem priorizado e inserido como novo enfoque às unidades de conservação.

Além da contribuição como estoques aos recursos de subsistência para as populações locais, as unidades de conservação devem também contribuir para o processo de inclusão social, como por exemplo a atração do turismo responsável e participativo e pesquisas de bases sustentáveis. O reconhecimento como sítio  do Patrimônio Mundial é portanto marco importante no fortalecimento do processo de conservação da região.

Clima - Constantemente úmido (florestas tropicais). A temperatura média anual varia em torno de 26 C° e 26,7 C°, com máximas de 31,4 e 31,7C° e as mínimas entre 22 C° e 23 C°. O período chuvoso vai de dezembro a abril e o menos chuvoso entre julho e setembro.

O que ver a fazer - O Parque conta com a exuberância da floresta amazônica e toda sua biodiversidade de flora e fauna. Turismo de visitação ao rio Carabinani em pequena escala.

Relevo - O relevo da unidade apresenta quatro formas distintas: áreas de acumulação inundáveis, áreas de planícies, colinas e interflúvios tabulares.

Vegetação - O parque é representado por um maciço de vegetação, sendo composto por floresta densa tropical ou florestas abertas e por campinaranas arbóreas, densas, abertas ou arbustivas.

            Fauna - Estudos isolados revelam uma grande diversidade de espécies de peixes, quelônios, anfíbios, lagartos, serpentes e mamíferos. Entre as espécies ameaçadas , destacam-se jacaretinga, tartaruga da amazônia, tracajá, jacaré-açu, gavião real, uacari-preto, ariranha, gato maracajá e onça pintada.

Planejamento - A unidade possui Plano de Manejo eloborado em maio de 1998 e Plano de Ação Emergencial elaborado em agosto de 1995.

Infra-estrutura - A unidade possui dois alojamentos flutuantes (8 cômodos); uma casa de madeira; uma lancha, seis canoas; seis motores de popa; dois botes; uma Toyota; automóveis, uma balsa flutuante; material de escritório; equipamento de audio e vídeo; um rádio transmissor e um atracadouro. 

Questão Fundiária da Unidade - A Unidade está totalmente regularizada devido à questões administrativas, o Governo ainda não indenizou as 58 famílias residentes no interior do Parque. A unidade possui 98,3% de sua área total regularizada.

 

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