segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


Rio Amazonas, a majestosa esperança da humanidade

O país que dispõe, como o Brasil, doze densas bacias hidrográficas, que representam 14% da água doce do Planeta, não dá conta que este precioso líquido pode motivar guerras e o extermínio da humanidade. Estudos da UNESCO mostram que o consumo d’água aumenta duas vezes mais que o crescimento populacional do mundo e preve que nos próximos 50 anos não estará suficiente para a humanidade. Acredita-se, por sua vez, que o consumo de água só para produzir comida deve crescer 50% até 2025. Enquanto isso conheça um pouco do que aqui é até então abundante, desconhecemos, poluímos e não valorizamos.


 

Quando as caravelas do espanhol Vicente Yañez Pinzón singraram lentamente as águas doces da embocadura do Rio Amazonas (1500), o navegante espanhol ficou extasiado, tão impressionado de ver tanta água doce junta, de origem desconhecida, que decidiu chamar o estuário de Santa Maria de la Mar Dulce, como ele fosse um novo oceano.

Pinzón foi oficialmente o primeiro europeu a contemplar esse caudaloso manancial fluvial e a enfrentar as correntezas do rio Amazonas desaguando no Atlântico cerca de 190 mil metros cúbicos por segundo, na estação das chuvas. E diga-se que a água do Amazonas ainda é doce mesmo a dezenas quilômetros de distância da costa, tornando a salinidade do oceano bem mais baixa do que normal a 150 quilômetros mar adentro. Seu aporte médio de sólidos em suspensão ao oceano é estimado em cerca de 600 milhões de toneladas por ano.

Essa primazia de Pinsón, contudo, historicamente é contestada, pois o navegador, militar e cosmógrafo portugues Duarte Pacheco Pereira (1460-1533) esteve em viagem secreta da Coroa de Lisboa na foz do rio Amazonas e na costa da Ilha de Marajó entre os meses de novembro e dezembro de 1498. O objectivo da expedição era reconhecer as terras situadas além da linha espanholas das Tordesilhas. Outro lusitano, João Coelho da Porta da Cruz, ali também teria estado antes, por volta de 1493.

Segundo pesquisa do IBGE, recentemente realizada em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Agência Nacional de Águas e o Instituto Nacional Geográfico do Peru (IGN), esse majestoso rio com 6.868 quilômetros de extensão, mais de mil afluentes e sete milhões de km2 de superfície hidrográfica é o maior rio do mundo, mais caudaloso e com volume de água 60 vezes superior ao Nilo.

Além dessa fantástica grandiosidade, os rios da Amazônia envolvem paisagens belíssimas e curiosidades inesquecíveis, como o fenômeno das terras caídas e a pororoca, incluindo as revoadas de pássaros coloridos e os pores-de-sol maravilhosos. A bacia hidrográfica do Rio Amazonas abrange todo o conjunto de recursos hídricos que convergem para a calha-mestra do seu rio titular, fazendo parte de uma das doze regiões hidrográficas do território brasileiro.

A Bacia Amazônica abrange uma área de sete milhões de quilômetros quadrados, compreendendo terras de vários países da América do Sul (Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Bolívia e Brasil), sendo a maior bacia fluvial do mundo, limitada a Oeste pelos Andes, ao Norte pelo Escudo das Guianas, ao Sul pelo Maciço Central Brasileiro e a Leste, desaguando no Oceano Atlântico. Nela se concentram dez dos 20 maiores rios do mundo, com mais de 21 mil quilômetros de vias fluviais navegáveis na região. De sua área total, cerca de 3,8 milhões de quilômetros quadrados encontram-se no Brasil, abrangendo os Estados do Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Pará e Amapá. Essa imensa bacia fluvial é formada pelo rio Amazonas e seus afluentes, que se situam nos dois hemisférios terrestres, com dois períodos de chuvas e em épocas diferentes, no hemisfério norte e no hemisfério sul.

O rio Amazonas nasce na Cordilheira dos Andes, no Lago Lauri ou Lauricocha, no Peru e deságua no Oceano Atlântico, junto à Ilha de Marajó, no Brasil, percorrendo 6.750 quilômetros, dos quais 3.165 em território brasileiro. Recente pesquisa, contudo, revela que o Amazonas tem um comprimento de 6.868 quilômetros e mais de mil afluentes, portanto maior que o Nilo com seus 6.695 quilômetros de extensão, sendo então o mais longo rio do mundo. É de longe o rio mais caudaloso do mundo, com um volume de água cerca de 56 vezes superior ao do Rio Nilo.

Em seu longo percurso, o Rio Amazonas chama-se Tunguragua, Marañón, Ucayali. Solimões e, finalmente, Amazonas. É um rio típico de planície, cuja vazão média chega a 109 mil metros cúbicos por segundo. Muitos de seus afluentes são navegáveis e piscosos, o que é importante para a população regional, servindo como meio de locomoção e fonte de sobrevivência.

Na confluência com o Rio Negro, o Solimões passa a ser chamado Rio Amazonas, com largura média de cerca de cinco mil metros, com margens a perder de vista em alguns lugares devido à curvatura terrestre, sendo mais estreito em Óbidos, no Pará, onde mede 1,5 quilômetro e 100 metros de profundidade. Pode também ter 50 quilômetros de largura (na região de Gurupá), sendo navegável por navios oceânicos de porte médio até Iquitos, no Peru, a 3,5 mil quilômetros do mar.

Entre os principais afluentes da margem esquerda encontram-se o Japurá, o Negro e o Trombetas; na margem direita, o Juruá, o Purus, o Madeira, o Xingu e o Tapajós. Entre eles encontram-se rios de águas barrentas (ou brancas, como as populações locais se referem a eles), de águas claras e de águas pretas. Os rios de águas barrentas, como o Madeira e o próprio Amazonas, têm essa cor por causa dos sedimentos, ricos em nutrientes, carreados rio abaixo desde as montanhas andinas. Por esse motivo são os rios que apresentam maior biodiversidade.

Os rios de águas claras, como os Rios Xingu, Tapajós e Trombetas têm as nascentes nos planaltos do Brasil e no das Guianas. Os trechos médios e altos desses rios possuem muitas corredeiras e quedas d’água. Como drenam áreas enormes e muito erodidas, suas águas são relativamente transparentes e alcalinas.

A grande quantidade de areia depositada na planície amazônica deu origem aos rios de águas pretas, cujos solos arenosos da bacia são muito pobres em nutrientes e estão entre os que têm as águas mais puras. Suas características químicas são muito semelhantes às da água destilada. O mais famoso deles é o principal tributário do Amazonas, o Rio Negro, o segundo maior rio do mundo em volume d’água. Por causa da cor, a água do Negro poderia passar por chá preto. Uma das características dessa águas é a ausência de mosquitos.

A Bacia Amazônica recebe precipitações médias anuais de 2.460 milímetros, com descarga líquida média estimada em 209 mil metros cúbicos. O clima é permanentemente quente e úmido, apresentando variações diurnas de temperatura do ar maiores que as variações anuais, cuja média é de 30° C durante a estação seca e 26° C durante a estação chuvosa. Um importante fenômeno que causa significativa variação da temperatura, algumas vezes com conseqüências ecológicas importantes, é a conhecida friagem, que ocorre quando uma massa polar alcança a parte central e oeste da Amazônia, podendo a temperatura atingir 14º C, chegando até 6º C.

Além da floresta de terra-firme, a Bacia Amazônica apresenta outros tipos de florestas que se desenvolvem em áreas sazonalmente inundadas pelos rios adjacentes, várzea e igapó. A várzea refere-se à planície de inundação existente nas margens dos rios de água branca. Formada pela sedimentação da matéria orgânica em suspensão, durante o último período glacial, a várzea apresenta solos férteis, estendendo-se do leito do rio até a terra-firme, numa largura variável entre 20 e 100 quilômetros.

As áreas inundadas dos rios de água preta são chamadas de igapós, um tipo de floresta adaptada a períodos de inundação parcial ou total. O igapó, como a mata inundada sazonalmente é conhecida, é uma das características mais peculiares dos rios da Amazônia. Vastas extensões de florestas são invadidas anualmente pelas águas dos rios, ocupando uma área de pelo menos 100 mil quilômetros quadrados, com mais 50 mil, se sua extensão ao longo de milhares de pequenos igarapés for considerada. Embora as matas inundadas correspondam a apenas 2% do total da área de florestas da Amazônia, isso representa uma área maior que a da Inglaterra.

Apesar de ficar inundada até 10 metros de profundidade, durante cinco a sete meses por ano, a vegetação do igapó é sempre exuberante. Além das árvores, os animais também desenvolveram incríveis adaptações para viverem nessas áreas inundadas. E como a maioria das árvores da várzea frutifica durante as inundações, para um grande número de espécies, principalmente os peixes, o igapó é um pomar natural. Diferente de qualquer outra parte do mundo, frutos e sementes são os principais alimentos de cerca de 200 espécies de peixes da Amazônia, que invadem os igapós todos os anos.

Os rios amazônicos, com suas praias, restingas, igarapés, matas inundadas, lagos de várzea e matupás (ilhas de vegetação aquática), assim como o estuário, foram colonizados por uma enorme diversidade de plantas e animais. A Bacia Amazônica possui a maior diversidade de peixes do mundo, cerca de 2,5 mil a 3 mil espécies.

Entre as espécies de peixes esportivos da bacia amazônica encontram-se apapá, aruanã, bicuda, cachorra, caparari, surubim, dourada, jaú, piraíba, jatuarana, matrinxã, jurupoca, piranha, pirapitinga, pirarara, tambaqui, traíra, trairão, pescada, tucunaré e muitos outros. A pesca amadora, famosa pela quantidade e variedade de peixes, geralmente é praticada nos rios, lagos, igarapés, furos e nos igapós. Os rios mais conhecidos e com infra-estrutura para a pesca amadora são o Negro, o Madeira e o Uatumã.

Origens – A teoria mais aceita pelos geólogos é de que o Rio Amazonas formou-se a partir de um grande golfo, que originalmente se abria ao Oceano Pacífico. Com a formação da Cordilheira dos Andes, esse golfo teria sido fechado a oeste, formando um gigantesco lago ao norte da América do Sul. Esse lago teria se aberto para leste quando houve a separação do supercontinente América-África; tendo o grande rio assim se formado.

Sua suposta origem lacustre explicaria o fato do Rio Amazonas apresentar inclinação muito pequena. Em todo seu trajeto inclina-se menos de 100 metros. Num trecho de três mil quilômetros em território brasileiro, a inclinação é de apenas 15 metros.

Durante muito tempo, considerou-se a desembocadura do Amazonas na região de Belém. Hoje, o rio que banha a capital paraense (Rio Pará) não é considerado como foz do Amazonas, fazendo parte da Bacia Hidrográfica do Tocantins. A foz do Amazonas está entre o lado ocidental do Arquipélago do Marajó e a contra-costa do Amapá, fazendo com que a cidade de Macapá seja considerada a única capital banhada pelo rio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário