A Amazônia é uma jóia
Madeiras,
caroços, frutas, flores, couros, escamas de peixes – heranças maravilhosas de
um passado de índios, portugueses, africanos, que dão, hoje, a cara das jóias
da região.
A
Amazônia não é apenas rica em recursos naturais, belezas paisagísticas, biodiversidade
e etnias exóticas e bonitas. O talento e a criatividade de seu povo também é a
marca registrada da região. Quando Pizón e Pedro Teixeira a percorreram pela
primeira vez, depararam com uma civilização primitiva de cultura surpreendente,
avançada até certo ponto, cujo artesanato e adereços chamaram a atenção dos
ilustres visitantes. Pizón chegou a comparar os índios da região
recém-descoberta com as legendárias Amazonas, o que motivou o nome da Amazônia.
Poucas
civilizações sabem usar tão bem os recursos naturas para ornamentar o corpo
como a dos índios brasileiros. Eles sempre foram mestres da pintura corporal,
exímios designers e artesões dos produtos da natureza, os transformando em
objeto de adorno, ornamento, adereços (colar, brincos,
broche, pulseira, etc.), para
valorizar seus semelhantes e indumentárias.
Até
hoje a civilização moderna admira e valoriza o design da bijuteria indígena e o
adotou como a nova tendência da indústria joalheira, buscando na floresta
inspiração e insumos. O atual artesão brasileiro teve o talento capaz de
reverter o produto-design em belas jóia, que atualmente valorizam a natureza e
abandonaram o design com vista exclusiva para o mercado externo. A exposição
Jóia Brasil, um dos focos interessantes do Fashion Rio, no Museu de Arte
Moderna, reúne designers de diversas linhas e exibe temas que mostram um Brasil
da joalheria nacional, que se despediu há muito dos modelos feitos para
turistas.
Na
área de artesanato estão prevalecendo as bio-jóias e bijuterias ecológicas, com
designers exclusivos a partir de produtos naturais, como contas nativas da
região amazônica. O novo design procura associar a leveza de fibras vegetais,
sementes de árvores nativas e outros produtos naturais que externam a
variedade, a assincromia, a diversidade de formas e texturas inerentes a tudo
que possa significar Brasil, com pedras e metais preciosos brasileiros que
expressam toda a riqueza de cores do país.
O
caroço de tucumã, por exemplo, serviu de inspiração para o empresário amapaense
Sidney Vieira, que entrou no mercado de bijuteria com um novo conceito de design.
Hoje ele produz todos os tipos de peças como braceletes, brincos, anéis,
pingentes e até mesmo pulseiras de relógio, com produtos naturais. Além do
tucumã, usa também como matéria-prima a casca do coco, inajá, semente de açaí e
restos de madeira. Para dar uma maior resistência aos produtos, o designer
usa, em algumas de suas peças, ouro e prata. Mas adianta que o uso é o mínimo,
"somente para dar um toque a mais na peça”, diz.
Sidney
foi um dos primeiros a usar as sementes de plantas nativas para a confecção de
jóias.
Jóia Nativa – Outra pioneira é a amazonense Rita Possi, uma das
primeiras no Brasil a misturar elementos tradicionais da joalheria (ouro e
prata) e matérias alternativos, antes usados apenas em bijuterias, como palha,
sementes e couro de peixe. Ela ficou muito conhecida no Brasil e até no
exterior pela revolução que provocou no conceito da joalheria nacional. Iniciou
a carreira como vendedora de jóias, passando a modificá-las com o tempo para
agradar clientes. A novidade foi bem aceita e Rita começou misturar espécies
nativas com produtos tradicionais em seu artesanato.
Uma
de suas jóias foi levada aos Estados Unidos onde fez sucesso. Era uma peça
feita de palha de arumã com sementes de açaí e uns pingentes de ouro em forma
de canoinha, reminho e tartaruga. Foi o
ponto de partida para que começasse a pesquisar as matérias-primas da Amazônia
e desenvolvesse técnicas para misturá-las.
Rita
logo fez sucesso com o novo design na exposição que denominou “Brilho
Amazônico”, levada ao Rio e São Paulo, usando peças de cestarias indígenas,
gotas de coral, caroço de açaí, jarina (marfim vegetal da Amazônia que
substitui ao do elefante), tucumã, babaçu, madeira de pupunheira, couro de
peixe, paixiubão, palha de arumã, além de ouro, prata e pedras brasileiras em
geral.
Sua
última coleção, lançada na Jóia Nativa para o Dia das Mães, foi inspirada na
índia Sateré-Mawé chamada Moy, que significa cobra mansa. A indiazinha é
bonita, amorosa e, apesar de só ter 20 anos de idade, possui quatro filhos e
pretende ter muitos mais, porque tem consciência que sua tribo está em vias de
extinção. A coleção pretende resgatar valores indígenas e sua peça principal –
um colar de ouro com tucumã, que representa uma cobra – em referencia a Moy,
porque ela protege a tribo como uma cobra-grande, ensejando o seu grande amor
pela tribo, sem esquecer de ser sedutora.
Original products – As jóias de Junia Machado são pequenas obras de
arte. Confeccionadas em ouro, pedras brasileiras e madeiras como jacarandá,
braúna, imbuia, sândalo e coco-de-piaçava, vêm fazendo cada vez mais sucesso no
Rio de Janeiro. “Finalmente a brasileira está usando sem preconceito os
materiais daqui, antes só apreciados por turistas europeus e americanos”, diz a
designer.
No
Estado do Amazonas, Rosana Trilha, proprietária e design da Native Original
Products, destaque em trabalhos publicados nas revistas Isto É, Exame e Casa
Cor, enfatiza que todo artesanato enquadrado naquilo que a Fundação Centro de
Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Ficapi), entidade instituída pela
Federação e Centro das Indústrias do Estado do Amazonas, classifica Design Tropical, resgata tudo que a
natureza oferece. “Temos uma enorme biodiversidade na Amazônia e somos ricos
por natureza”, ressalta.
Segundo
ela, tudo o que os artesões estão fazendo na realidade é um resgate. Mostram,
como vitrine, através das jóias, tudo o que a natureza oferece, seja de
resíduos, madeira e sementes, como a de queto e o marfim vegetal (jarina), que
é uma palmeira rica na região (hoje somente encontrada na Amazônia, já que o
Equador não faz reflorestamento da planta).
Rozana
afirma, que muitas peças que hoje enriquecem a industria joalheira são resíduos
florestais que se está jogado fora e que é reaproveitado para confeccionar belas
jóias. Cita que um dos colares, o “Encontro das Águas”, que expõe na loja
“Nativa”, situada numa das alas recém-restaurada do Porto de Manaus, é feito da
saboarana e amapá (árvore). “A expressão pretendida em relação à jóia era que ela
desse uma idéia de movimento, como se colar fosse uma onda, destacando
inclusive duas colorações diferentes como a do encontro das águas”, explica a
design.
Destaca
também outra jóia feita com dois tipos de madeiras diferentes: cor amarelo
cetim e violeta, o chamado roxinho, acompanhadas de ouro ou prata. Um colar
semelhante foi presenteado à primeira-dama do país, dona Mariza, quando esta
visitou o Estado do Amazonas, durante o Festival Folclórico de Parintins. A jóia
é das cores amarelo-cetim e violeta, só que de outro tipo de madeira, mais
escura, chamada “Coração de Negro”, com marfim vegetal (Jarina) e ouro, no
mesmo design.
Ressalta
anda, que o mercado de jóias para o
turista internacional é atualmente eficaz e promissor como o primeiro produto
lá fora. Aliás, os produtos brasileiros que chamam mais a atenção na exterior
são as jóias, em especial aquelas com propostas inovadoras e design contemporâneos,
aproveitando os recursos naturais alternativos, que causam maior aceitação pelo
material utilizado. Produtos naturais utilizados no artesanato (todos devidamente
testados quanto a duração e resistência para ser aplicado à joalheria):
Arumã – Palmeira nativa da Amazônia onde o fio tecido dos
filetes do talo de arumã é feito pelas índias da aldeia Waimiri-Atroari, e já é
patenteado por esta tribo. Este fio é usado nas cestarias, utensílios,
ornamentos corporais, armas etc.. O fio de arumã é altamente resistente, onde
os indígenas usavam enroladas no pulso contra o impacto da corda do arco ou
como enfeite corporal.
Esta fibra é adquirida
diretamente dos Waimiri-atroari e conseqüentemente Rita Prossi trabalha um
desegn para transformar em jóia, agregando pedras e metais preciosos. A fibra
em si já é uma arte sem igual preciosa a um trabalho de arte com esta fibra por
esta tribo.
Tucumã – Palmeira nativa da Amazônia ocorrendo em toda esta área, porém esta
palmeira existe em várias espécies onde se diferencia pelo formado do caroço.
Altamente resistente com alto teor de dureza, as peças de tucumã são
indiscultivelmente um aliado muito especial para confecção de Jóias, pois chega
a ser tão resistente quanto um metal. Pela diversidade de tamanho dos caroços,
existe uma variada aplicação no design de Jóias. Os anéis de tucumã com
polimento natural e agregado a pedra preciosas e natural são de beleza única.
Estes anéis também são
fornecidos pelas tribos dos Satarê-olawé, respeitando o pricípio das parcerias
com os índiginas da nossa região.
Babaçu – O babaçu é outra palmeira que do côco se pode também fazer jóias,
uma vez que, não chega ser tão duro quando o tucumã, sua aplicação e mais
fácil, pois se consegue vários tipos de corte para peças, alem de ser bem maior
o caroço. O Babaçu se difere do tucumã
pela cor também, com o polimento o tucumã adquiri uma cor marrom bem definida
não tão intensa.
Jarina – É o nosso marfim vegetal de alta resistência e dureza chegando a ser
comparada a uma pedra. Hoje em dia a jarina está sendo super valorizada na
Europa pala sua aplicação na industria relojoeira, substituindo o marfim
animal. Sua cor vão ao branco ao bege de acordo com a idade da semente. Quando
se agrega pedras e vegetais preciosos a Jarina, dificilmente distinguem que se
trata de uma semente.
Tucum – Fio de tucum é uma espécie de linha que os índios tercem de linha
que os índios tecer para fazerem redes, cipós etc. Este fio é feito com fibras da palha do buriti. Este fio quando
aplicado a arte Wacrawe se transforma num trabalho único artesanal, também pode
ser aplicado a industria de jóias. A fibra de tucum é utilizada pelas
industrias do alto Rio Negro para fazer as embalagens para as Jóias.
Tiririca – É uma semente muito pequena, como se fosse uma
miçanca natural, é a semente de um mato, suas folhas possui licebo cortante, os
pássaros se alimentam desta semente, também pode servir de enfeite para peças
em prata
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