segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

BOA VISTA, A MAIS SETENTRIONAL

DAS CAPITAIS BRASILEIRAS


 

Para quem vem do hemisfério Norte, Boa Vista, capital de Roraima, é considerada a porta de entrada natural para a Amazônia e para a região onde se encontram as montanhas mais altas do país, como o Pico da Neblina, o Monte Roraima e o Monte Caburaí, que é o ponto geográfico mais setentrional do Brasil.

Boa Vista é única capital brasileira localizada totalmente ao norte da linha do Equador e o município mais populoso de Roraima, concentrando aproximadamente dois terços da população do Estado. Situa-se à margem direita do rio Branco, em um terreno quase totalmente plano, que favorece seu status de cidade moderna, destacando-se entre as capitais da Amazônia pelo traçado urbano organizado, radial, em forma de leque, como as ruas de Paris, na França. As principais avenidas do centro da cidade convergem para a praça do Centro Cívico Joaquim Nabuco, onde se concentram as sedes dos três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), além de pontos culturais, hotéis, bancos, correios e igrejas religiosas.

A capital roraimense conta com aeroporto internacional, sendo também acessível por via rodoviária procedente de Manaus e da Venezuela, que a interliga com o Caribe. Entre Manaus e Boa Vista são 785 quilômetros de rodovia totalmente asfaltada. Por este modal, as paradisíacas praias caribenhas de Isla Margarita (1.330 quilômetros), também podem ser acessadas através da cidade venezuelana Puerto La Cruz, distante 1.267 quilômetros de Boa Vista, tendo na fronteira Santa Elena de Uiarén, uma área de livre comércio com preços atrativos e a porta de entrada para a belíssima região turística ecológica chamada Gran Sabana.

Outro atrativo da cidade de Boa Vista são as praias de água doce que se formam com o nível das águas do rio Branco no período de seca (outubro a março), onde se promove eventos, passeios e banhos, além de campanhas de educação, limpeza e preservação ambiental. Praia Grande, localizada a seis quilômetros da área urbana, à margem esquerda do rio Branco, forma uma belíssima ilha de várzea com 15 quilômetros de extensão, separada por um braço do rio denominado Panamá do Serrão; enquanto a praia Água Boa está a 15 quilômetros do centro da cidade, às margens do rio Cauomé, com suas águas límpidas e tépidas. Também cercadas por vegetação típica da Amazônia estão as praias do Caçari, Curupira e Polar, todas dotadas de boa infraestrutura de apoio e serviços de bares e restaurantes.

Historicamente, a cidade foi formada pelo primeiro povoado caracteristicamente urbano desta região setentrional que pertencia ao Estado do Amazonas, então chamada freguesia de Nossa Senhora do Carmo, quando inúmeras fazendas ali se estabeleceram ao longo dos rios que compõe a bacia do rio Branco. Em 9 de julho de 1890, a freguesia foi elevada à categoria de município de Boa Vista do Rio Branco, pelo governador do Amazonas, Augusto Ximeno de Villeroy, cuja instalação foi feita em 25 de julho daquele mesmo ano.

No dia 13 de setembro de 1943, o então município de Boa Vista do Rio Branco foi desmembrou do Estado do Amazonas e passou a fazer parte do recém-criado Território Federal do Rio Branco, no mandato do presidente Getúlio Vargas, tendo como primeiro governador o capitão Ene Garcez dos Reis. O território mudou de nome, para Roraima, pela lei nº 4.182, de 1962, promulgada pelo Congresso Nacional, sendo por este transformado em Estado de Roraima em 1988.

Em vista aérea, a capital do Estado impressiona pelo seu traçado urbano moderno e pela farta e diversificada arborização das praças, ruas, jardins e quintais da cidade, havendo quem diga que Boa Vista é um verdadeiro pomar. As avenidas largas que convergem para o centro, num leque urbano planejado pelo engenheiro civil Darcy Aleixo Denerusson, a coloca entre as capitais mais bonitas do Brasil. A arquitetura das áreas mais antigas, próximas ao rio Branco, realça o estilo da virada do século XIX e XX: o neoclássico, que tentou reerguer com certo romantismo as formas romanas e gregas da antiguidade. Esses traços arquitetônicos podem ser facilmente identificados nos contornos dos umbrais na cidade, que está a uma altitude de 90 metros acima do nível do mar.

O município possui uma área aproximada de cinco mil quilômetros quadrados, o equivalente a 2,26% do total do Estado. É realmente pródiga de belezas e pontos turísticos, destacando-se a Orla Taumanan, que é um espaço de convivência e lazer que realça ainda mais as belezas naturais das margens do rio Branco. O local abriga 11 quiosques com lanchonetes, restaurantes e dois palcos para shows ao ar livre, sendo ali possível provar as delícias da culinária típica roraimense e também comida internacional, pizzas, sanduíches, chope, grande variedade de petiscos, crepes, doces e sorvetes. Além de tornar Boa Vista mais bela e acolhedora, a Orla Taumanan, que no idioma da etnia macuxi significa paz, cria novas frentes de trabalho ligadas diretamente ao turismo e à prestação de serviços.

O Jardim Botânico é outro point aprazível de Roraima. Ele reúne diversas espécies e ecossistemas roraimenses, exemplares de plantas nativas da Amazônia e até espécies exóticas, numa área de 4,3 hectares. O espaço escolhido para abrigar esse primeiro jardim botânico roraimense foi uma ilha de mata em meio ao lavrado, a poucos quilômetros do centro de Boa Vista, dentro do Haras Cunhã Puçá, meticulosamente preparado para usufruto de pesquisadores, professores, estudantes, ambientalistas e comunidade. Ali já existiam espécies como o caimbé, árvore símbolo do lavrado, e outras foram acrescentadas, como o pau-brasil, maçaranduba, açaí e o cupuaçu. Mas a atração principal do logradouro fica por conta de uma respeitável coleção de orquídeas, algumas das quais só têm ocorrência registrada em regiões específicas da Amazônia.

Boa Vista também dispõe do Complexo Poliesportivo Ayrton Senna que ocupa várias quadras, possui lanchonetes, parques infantis, quadras de tênis, futebol de salão e de areia, além de vôlei de praia, quadras de basquete e outros esportes.

Anexo ao complexo esportivo, a Praça das Águas possui fontes com águas em tons de cor diferentes que reagem sintonizadas à música que toca em caixas acústicas incluídas abaixo dos bancos. O Portal do Milênio é um belo e moderno monumento que fica na Praça das Águas para celebrar a chegada do terceiro milênio. Também anexo, o Centro de Artesanato, Turismo e Geração de Renda Velia Coutinho é um lugar para se prestigiar e comprar o artesanato roraimense (inclusive o indígena), muito bonito e bem cuidado, contando também com um espaço para shows e que toda noite oferece aulas gratuitas de ginástica. Possui também restaurantes e lanchonetes, anexo à Praça das Águas. A Praça das Artes também é parte do Complexo de Praças da Avenida Ene Garcez e reúne espaços para comercialização de comidas regionais, venda de artesanato, palco para shows e lazer infantil.

A Praça do Centro Cívico é o coração da cidade, o centro do Centro. Possui muitas árvores e vários quiosques comerciais, além de várias praças e quadras esportivas, inclusive o monumento ao Garimpeiro, feito em homenagem aos que desenvolveram Roraima na época em que o garimpo gerou riqueza e desenvolvimento no Estado. Foi construída onde existia a primeira pista de pouso da cidade. Próxima também se encontra a catedral Cristo Redentor, que possui uma bela e moderna arquitetura, sendo um dos principais templos religiosos do município. Já a igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo é a primeira igreja de Roraima e foi recentemente restaurada.

A capital possui ainda o Palácio da Cultura Nenê Macaggi: bonito e rico em obras culturais, onde se encontra a principal e a maior biblioteca pública do Estado. A Vila Olímpica fica num ponto estratégico da periferia, com ginásios, quadras de esportes, como atletismo e futsal. É uma das mais modernas da região, aberta ao público com aulas gratuitas. Já o Ginásio Totozão possui quadra poliesportiva, grande arquibancada, piscina e campo de futebol. O Parque Anauá destaca-se por ser o maior parque da região Norte brasileira, possui um moderno espaço coberto para shows, a maior pista de bikecross da região Norte, uma pista de kart, anfiteatro, museu, parques infantis, parque aquático recém-reformado, espaço para aeromodelismo, restaurantes, lanchonetes, lago, fontes e escolas.

Sendo habitada por uma população bem miscigenada, Boa Vista possui artesanato riquíssimo, com fortes características indígenas. Os índios confeccionam peças artesanais com grande perfeição, criatividade e uma riqueza de detalhes surpreendente, tornando-as verdadeiras obras de arte. O destaque é para a cerâmica fabricada pelos índios macuxis; os cintos de sementes de imbaúba, do povo uai-uai; as peneiras de arumã, da tribo ianomâmi; além dos trabalhos em madeira, palha e fibra e as esculturas em pedra-sabão de outros artesãos. Também são comumente usados no artesanato indígena o cipó, a jacitara, escada de jabuti (tipo de cipó), o bambu, a fibra de buriti, a fibra de abacate e açaí, o mulungu, o junco, etc. Colares e pulseiras de sementes são confeccionados com fios de algodão cru, sementes de imbaúba-braba tingidas com urucum, mangarataia, sálvia-do-campo, crajirú e jenipapo.
Na culinária regional, é fácil perceber a predominância da cultura indígena, que é muito apreciada pelos turistas graças ao seu exuberante tempero. Paçoca com banana, mugica de peixe, carne de caça e do peixe são alguns pratos típicos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário