FIM DO MUNDO: LENDA
OU REALIDADE
Os acontecimentos catastróficos
que atualmente têm ceifado milhares de vidas humanas, destruído paisagens e ecossistemas,
arrasando cidades e monumentos históricos serão sinais do final dos tempos? Até
quando o mundo resistirá ao aquecimento global, à falta de água potável e à escassez
de energia? A humanidade poderá sobreviver à inevitável superpopulação do
planeta e à possível ofensiva global de novos e letais vírus? As hecatombes
naturais e as projeções catastróficas para a vida humana já foram antevistas
desde a antiguidade e puderam ser materializadas ou não. A astrologia milenar
anteviu desgraças cósmicas desde 3.000 anos A.C., assim como as sibilas gregas,
as pitonisas de Delfos, o mágico Merlin e demais adivinhos da antiguidade, que
tiveram clarividências credíveis para época.
Os profetas Malaquias, Daniel,
São João (do Apocalipse), Nostradamus, inclusive as revelações de Fátima,
colocam o mundo à beira do abismo. O calendário Maia é categórico na sua
previsão para o fim do mundo: 21 de Dezembro de 2012. Prevê que no solestício
de Inverno deste dia, a Terra, o Sol e a galáxia Via Láctea (a nossa) estarão
alinhados, acontecimento grave que pode extinguir a vida da humanidade ou no
mínimo causar grande transformação no mundo que conhecemos, como foi a Era
Glacial, por exemplo. A grande ameaça deste evento é o fato de existir no
centro da Via Láctea um buraco negro supermassivo, cujo alinhamento neste solestício
de Inverno pode gerar uma mudança drástica no campo magnético terrestre, que pode
provocar catástrofes naturais imprevisíveis.
Ladislau
Dowbor, pesquisador do Núcleo de Estudos do Futuro da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, acredita que não é preciso esperar uma ameaça fatal
fictícia ou real para a destruição do planeta, quando já existem diversos
fatores que levam o mundo para uma catástrofe em câmera lenta. Ele afirma que
já vivenciamos problemas de aquecimento global, esgotamento dos recursos naturais
e a contaminação dos mananciais hídricos da Terra, além de outros
acontecimentos trágicos.
Todas as culturas preconizam o
fim da humanidade desde os primeiros registros históricos, pois as leis
metafísicas indicam que tudo tem início, desenvolvimento, decadência e fim. Os
Incas acreditavam que a cada milênio o mundo acabava e renascia sob um novo Sol,
reiniciando também a existência do homem. Achavam que estavam vivendo a sua
quinta edição do mundo à época da conquista espanhola, ocorrida com grandes
transformações - tempo de destruição, de desolação e de restauração, conceito
também adotado, de certa forma, pelo cristianismo, cuja restauração vem na
segunda vinda de Cristo, que reinará mil anos até o Juízo Final bíblico, evento
que o diferencia dos ciclos incaicos.
Os Maias também acreditavam em
ciclos recorrentes da criação e da destruição do mundo, que duravam cerca de 1.040
anos. Esse povo da América Central diz estar vivendo a quarta era do Sol e que,
antes da atual civilização moderna, existiram três outras eras, destruídas por
grandes cataclismos. A primeira teria sido destruída pela água, depois de
chover sem parar, coincidindo com o mito do dilúvio. O segundo mundo teria sido
destruído pelo vento e o terceiro pelo fogo. Acredita-se que a raça Atlantis tenha
existido após o grande dilúvio (fim da era glacial), quase desaparecendo há 12.500
anos, cujos sobreviventes teriam dado origem às culturas egípcia e maia, onde possuía
colônias. Para os Maias, a quarta era, é o mundo em que vivemos hoje, que será
destruído pela fome, depois de uma chuva de sangue e fogo, segundo as profecias
do rei-profeta Pacal Votan.
Essa notável civilização
pré-colombiana afirma que o mundo vai acabar no dia 21 de dezembro de 2012, data
estabelecida por seu calendário, uma agenda solar que principia a contagem do
tempo em 11 de agosto do ano 3114
a .C., anterior às datações arqueológicas desta
civilização. Os Maias são reconhecidos por seu avançado conhecimento de
astronomia e pela precisão de seus diferentes calendários, como o calendário solar
anual, com 365 dias, chamado Haab.
Os astrônomos desta singular
cultura pré-colombiana prevêem para 2012 atividades cósmicas impactantes contra
o planeta Terra, quando o Sol sofrerá violentas tempestades, emitindo poderosas
chamas e partículas que alcançarão a superfície terrestre, causando colapso em
seus campos magnéticos e em todos os dispositivos eletrônicos existentes. Este
fenômeno astrofísico também está sendo preconizado por alguns cientistas,
inclusive da Nasa, que prevêem tempestades solares intensas entre 2011 e 2012.
Outros estudiosos acreditam que a
atividade solar em 2012 também pode provocar uma mudança significativa na
inclinação do eixo da Terra, produzindo consequentemente atividades geológicas
de proporções catastróficas, o que justificaria a idéia de um possível fim dos
tempos. Tais previsões e outras profecias trágicas têm inspirado escritores e
produtores cinematográficos, que abastecem o mercado mundial do
filme-catástrofe com obras tecnicamente bem elaboradas e coerentes do ponto de
vista científico. Há ainda os que reforçam a tese do fim do mundo, com fictícias
arcas de Noé espaciais à procura de um novo planeta para a humanidade
habitar.
O fim deste mundo também está
apregoado pelo Apocalipse (Revelação), último livro do Novo Testamento adotado
pelos católicos, ortodoxos e protestantes. O Apocalipse para o cristianismo
significa revelação de coisas secretas escolhidas por Deus. O livro tem a
pré-visão dos últimos acontecimentos na Terra, durante e após o retorno do
Messias de Deus, quando ocorre o Armagedom, que é a batalha final de Deus
contra a iniqüidade humana no simbólico Monte Megido. Alguns católicos e
protestantes acreditam que as profecias previstas no Apocalipse já estão se
concretizando, crenças estas também vinculadas à ressurreição dos mortos, o dia
do Juízo Final, além o céu e o inferno da tradição judaica-cristã-islâmica.
Há os que defendem o fato de
várias civilizações apresentarem narrações apocalípticas porque têm uma origem
comum e ancestral, muitas vezes deturpadas pela transmissão oral. Aliás, antes
do surgimento da escrita, o homem valia-se deste meio para transmissão do conhecimento
às futuras gerações, pois a memória auditiva e visual era o recurso disponível
para armazenamento das e experiências humanas, que estavam intimamente
relacionadas à memória dos anciões, então considerados os mais sábios pelo
conhecimento acumulado. A identidade cultural de um povo também ficava guardada
pelos contadores de histórias, cantores ou arautos de outros tipos, espécies de
portadores da memória popular.
Há também quem diga que o Apocalipse
tem apenas um caráter ecológico e se refere à tendência que o homem civilizado
tem para destruir o mundo que o cerca. Na crença protestante do Arrebatamento, esse
período precede a Grande Tribulação, quando haverá um caos total sobre a terra
durante sete anos, com o governo do Anti-Cristo (líder político mundial), do
Falso Profeta (líder religioso ecumênico) e da Besta (O deus da futura religião).
Acreditam ainda que na segunda vinda de Jesus, ele reinará por mil anos junto
com os salvos, que serão depois elevados para o reino dos céus, deixando na Terra os demais seres humanos que não o
aceitaram como salvador. Segundo a crença cristã, após o Milênio, acontecerá
o Juízo Final e a constituição de um novo céu e de uma nova Terra.
Os católicos, porém, não aceitam
esse tipo de Arrebatamento, nem tampouco no Milênio, literalmente falando, mas
em um lapso de tempo entre a Ascensão de Jesus e a Parusia, que é a segunda
vinda de Jesus Cristo no Final dos Tempos, que julgará pessoalmente cada homem
segundo sua fé e obras. Os justos serão salvos e gozarão a vida eterna, a criação
será renovada e os maus condenados eternamente ao inferno.
Sobre o Fim do Mundo, aliás, existem
muitas profecias. Cada religião tem uma crença diferente sobre a extinção do
planeta Terra, mas a profecia mais famosa é de Michel de Notre-Dame, mais
conhecido como Nostradamus, médico francês nascido em 1503, que garantiu que o
mundo ia acabar em 11 de outubro de 1999. Ele aprendeu letras e ciências,
inclusive as ocultas, como a astrologia, mas se destacou politicamente como
conselheiro dos reis da França, além de ser o homem de confiança da rainha
Catarina de Médicis.
Nostradamus previu acontecimentos
históricos e fatos importantes da humanidade, alguns deles com precisão. Previu
três anticristos encarnados em seres humanos: Napoleão Bonaparte e Adolf Hitler,
além de um terceiro, que muitos julgam ser Bill Gates III, cuja soma
numerológica é exatamente 666, que é o número da Besta prevista pelo profeta
francês. De acordo com Nastradamus, o Armagedom iniciará com o poder do Anti-Cristo,
surgindo ainda falsos cristos e profetas para enganar os homens.
Nas Centúrias de Nostradamus encontramos descrições do
último e mais poderoso Anticristo, prevendo uma Era do Terror com a fome
universal e pouca chuva.
A par de futuros
acertos simbólicos como guerras, lideranças e pestes, Nostradamus não foi o
único profeta a errar nas suas previsões catastróficas. O astrólogo João de
Toledo profetizou em 1179, um cataclismo que ocorreria em setembro de 1186,
considerando sob o signo de Libra, com temporais e terremotos, mas nada aconteceu.
Toledo justificou-se dizendo que foi apenas um pequeno erro interpretativo,
falácia que gerou pânico, desespero, suicídios e saques. Um grupo de astrólogos
ingleses anteviu que o fim do mundo se daria por meio de um dilúvio no dia 1º
de fevereiro de 1524, previsão que levou milhares de pessoas a abandonar Londres
em busca de terras mais altas. O fato não aconteceu, a cidade foi saqueada
durante o dia da falsa previsão e os astrólogos disseram que foi um pequeno
erro de cálculo e que a hecatombe ocorreria cem anos depois, ou em 1624, que
também não aconteceu.
Outro
europeu, o astrólogo Johannes Stoeffler, que era catedrático universitário e
conselheiro da corte, também previu desde 1499 um dilúvio para 20 de fevereiro
de 1524, fato errôneo que fez o conde Von Iggleheim construir uma arca enorme de
três andares para abrigar sobreviventes. No dia fatídico caiu uma chuva logo pela
manhã, levando pânico a uma turba de gente que tentou invadir a arca. O conde
saiu na defesa de seu patrimônio e matou um dos invasores, mas morreu pisoteado
pela multidão. O tumulto se generalizou até abrandar a chuva, levando a
população a se matar mutuamente, principalmente crianças, velhos e mulheres. A
arca foi totalmente destruída naquele mesmo dia e Stoeffler simplesmente previu
novo fim do mundo para 1528, mas ninguém lhe deu crédito.
Diante de tanta profecia
infundada, o monge e astrólogo Michael Stifel levou uma tremenda surra em praça
publica por ter previsto um novo e falso fim do mundo para 18 de outubro de
1533. Depois de um hiato de quase dois séculos, houve um novo anuncio do fim do
mundo por meio de um dilúvio, dessa feita através de William Whiston, que anteviu
o evento para 13 de outubro de 1736, por coincidência também sob o signo de
Libra! Recentemente, os astrólogos hindus anunciaram que o fim do mundo
ocorreria em 2 de fevereiro de 1962, por conta de junções planetárias. A
falácia da previsão foi por eles justificada porque os deuses mudaram de
opinião e não desejaram o fim do mundo.
Vale citar que o fim dos tempos
já foi datado quando a páscoa caísse em 25 de abril, tal como ocorreu em 1666,
1734, 1886, 1943. Em 2038 será a próxima data coincidente, caso o mundo não
acabe conforme o Calendário Maia (21 de Dezembro de 2012). Mas Isaac Newton, cientista
que entrou para a História depois de formular a Lei da Gravidade, previu que o
mundo acabará em 2060. Sobre o assunto, a Universidade Hebréia de Jerusalém
expôs pela primeira vez ao público alguns manuscritos sobre alquimia e
profecias bíblicas desse cientista inglês nascido no século XVIII, anunciando o
Apocalipse para 1.260 anos após a refundação do Sacro Império Romano feita por
Carlos Magno em 25 de dezembro de 800.
Dentre as igrejas tidas como
evangélicas, a que mais se destaca pela doutrina do Apocalipse é a Adventista
do Sétimo Dia, que se tornou também bastante conhecida pelos seus hospitais,
escolas e programas radiofônicos intitulados A Voz da Profecia. Ellen G. White,
pródiga escritora e principal porta-voz da Igreja Adventista do Sétimo Dia,
aceitou, em sua adolescência, as interpretações bíblicas de Guilherme Miller,
sofrendo, juntamente com outros 50 mil adventistas, o não cumprimento da
profecia de Daniel, defendida pelos millerita e que previa o final dos tempos
para 22 de outubro de 1844. Na Historia da Redenção, Ellen G. White diz: “Já em
1842, o Espírito de Deus comoveu a Carlos Fitch (discípulo de Miller) a
preparar um mapa profético, que foi geralmente considerado pelos adventistas
como o cumprimento da ordem dada pelo profeta Habacuque”.
Sobre o assunto, houve um grande
movimento baseado no estudo da profecia de Daniel que influiu sobre o cenário
religioso americano no século XIX, quando lideranças das principais
denominações evangélicas norte-americanas se envolveram no movimento que ficou
conhecido como millerita, procedente do nome de seu principal expoente
Guilherme Miller (1782-1849), um camponês nascido de pais batistas, que em 1816
concluiu que a segunda vinda de Cristo se daria entre 21/3/1843 e 21/3/1844.
Ele calculou que os 2300 dias mencionados na profecia de Daniel seriam contados
a partir do retorno de Esdras a Jerusalém (457 a .C.). Nesse período de
tempo, Cristo reapareceria sobre a terra e reinaria com os santos pelo espaço
de mil anos, durante os quais se daria a exaltação dos bons e a condenação dos
maus, como prevê o Evangelho.
Depois de realizar 120 assembléias
com a participação de milhares de ouvintes, a comunidade batista excomungou
Miller, que tinha mais de cinco mil discípulos em 22 de outubro de1843, quando
o evento profético não se realizou. Refez o cálculo, marcando uma nova data
para o início de outro frustrado fim do mundo (22/10/1844), ocasião em que
alguns seguidores de Miller se arrefeceram e outros o seguiram com a
denominação de adventistas, dentre eles Ellen G. White, cuja extensa obra é
tida como inspirada por Deus. O termo adventista refere-se à crença no advento
da segunda vinda de Jesus à Terra e a consagração do sétimo dia pela crença de Deus
ter estabelecido o sábado para o descanso físico e espiritual do homem.
Crendo ou não no fim do mundo ou
no término da vida humana na Terra, essa possibilidade a civilização moderna
não pode descartar devido às leis físicas observadas na natureza. Quantas
estrelas nascem e morrem nas galáxias? Existem muitas teorias apocalípticas,
como a ruptura de oceanos e continentes, que despeja cidades no mar, arrasta civilizações
para os pólos e gera terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas e outros
desastres. Muitos cientistas descartam cenários tão drásticos, mas outros têm
especulado que um deslocamento da crosta terrestre possa ocorrer, inclusive
mudar radicalmente a distribuição de massa do planeta, com o derretimento das
calotas polares, destruição de ecossistemas e outras cataclismos.
Alguns astrólogos garantem que em
2012 irá se encerrar com um alinhamento galáctico, o primeiro em 26.000 anos,
quando o trajeto do sol pelo céu cruzará com o ponto médio da Via Láctea. Alguns
temem que esse alinhamento de alguma forma exponha a Terra a poderosas e
desconhecidas forças galácticas que irão precipitar o seu fim, talvez através
de um deslocamento polar ou movimento supermassivo de um buraco negro do
coração da nossa galáxia. O futuro, porém, só pertence a Deus.
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