segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


FIM DO MUNDO: LENDA OU REALIDADE

Os acontecimentos catastróficos que atualmente têm ceifado milhares de vidas humanas, destruído paisagens e ecossistemas, arrasando cidades e monumentos históricos serão sinais do final dos tempos? Até quando o mundo resistirá ao aquecimento global, à falta de água potável e à escassez de energia? A humanidade poderá sobreviver à inevitável superpopulação do planeta e à possível ofensiva global de novos e letais vírus? As hecatombes naturais e as projeções catastróficas para a vida humana já foram antevistas desde a antiguidade e puderam ser materializadas ou não. A astrologia milenar anteviu desgraças cósmicas desde 3.000 anos A.C., assim como as sibilas gregas, as pitonisas de Delfos, o mágico Merlin e demais adivinhos da antiguidade, que tiveram clarividências credíveis para época.

Os profetas Malaquias, Daniel, São João (do Apocalipse), Nostradamus, inclusive as revelações de Fátima, colocam o mundo à beira do abismo. O calendário Maia é categórico na sua previsão para o fim do mundo: 21 de Dezembro de 2012. Prevê que no solestício de Inverno deste dia, a Terra, o Sol e a galáxia Via Láctea (a nossa) estarão alinhados, acontecimento grave que pode extinguir a vida da humanidade ou no mínimo causar grande transformação no mundo que conhecemos, como foi a Era Glacial, por exemplo. A grande ameaça deste evento é o fato de existir no centro da Via Láctea um buraco negro supermassivo, cujo alinhamento neste solestício de Inverno pode gerar uma mudança drástica no campo magnético terrestre, que pode provocar catástrofes naturais imprevisíveis.

            Ladislau Dowbor, pesquisador do Núcleo de Estudos do Futuro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, acredita que não é preciso esperar uma ameaça fatal fictícia ou real para a destruição do planeta, quando já existem diversos fatores que levam o mundo para uma catástrofe em câmera lenta. Ele afirma que já vivenciamos problemas de aquecimento global, esgotamento dos recursos naturais e a contaminação dos mananciais hídricos da Terra, além de outros acontecimentos trágicos.

Todas as culturas preconizam o fim da humanidade desde os primeiros registros históricos, pois as leis metafísicas indicam que tudo tem início, desenvolvimento, decadência e fim. Os Incas acreditavam que a cada milênio o mundo acabava e renascia sob um novo Sol, reiniciando também a existência do homem. Achavam que estavam vivendo a sua quinta edição do mundo à época da conquista espanhola, ocorrida com grandes transformações - tempo de destruição, de desolação e de restauração, conceito também adotado, de certa forma, pelo cristianismo, cuja restauração vem na segunda vinda de Cristo, que reinará mil anos até o Juízo Final bíblico, evento que o diferencia dos ciclos incaicos.

Os Maias também acreditavam em ciclos recorrentes da criação e da destruição do mundo, que duravam cerca de 1.040 anos. Esse povo da América Central diz estar vivendo a quarta era do Sol e que, antes da atual civilização moderna, existiram três outras eras, destruídas por grandes cataclismos. A primeira teria sido destruída pela água, depois de chover sem parar, coincidindo com o mito do dilúvio. O segundo mundo teria sido destruído pelo vento e o terceiro pelo fogo. Acredita-se que a raça Atlantis tenha existido após o grande dilúvio (fim da era glacial), quase desaparecendo há 12.500 anos, cujos sobreviventes teriam dado origem às culturas egípcia e maia, onde possuía colônias. Para os Maias, a quarta era, é o mundo em que vivemos hoje, que será destruído pela fome, depois de uma chuva de sangue e fogo, segundo as profecias do rei-profeta Pacal Votan.

Essa notável civilização pré-colombiana afirma que o mundo vai acabar no dia 21 de dezembro de 2012, data estabelecida por seu calendário, uma agenda solar que principia a contagem do tempo em 11 de agosto do ano 3114 a.C., anterior às datações arqueológicas desta civilização. Os Maias são reconhecidos por seu avançado conhecimento de astronomia e pela precisão de seus diferentes calendários, como o calendário solar anual, com 365 dias, chamado Haab.

Os astrônomos desta singular cultura pré-colombiana prevêem para 2012 atividades cósmicas impactantes contra o planeta Terra, quando o Sol sofrerá violentas tempestades, emitindo poderosas chamas e partículas que alcançarão a superfície terrestre, causando colapso em seus campos magnéticos e em todos os dispositivos eletrônicos existentes. Este fenômeno astrofísico também está sendo preconizado por alguns cientistas, inclusive da Nasa, que prevêem tempestades solares intensas entre 2011 e 2012.

Outros estudiosos acreditam que a atividade solar em 2012 também pode provocar uma mudança significativa na inclinação do eixo da Terra, produzindo consequentemente atividades geológicas de proporções catastróficas, o que justificaria a idéia de um possível fim dos tempos. Tais previsões e outras profecias trágicas têm inspirado escritores e produtores cinematográficos, que abastecem o mercado mundial do filme-catástrofe com obras tecnicamente bem elaboradas e coerentes do ponto de vista científico. Há ainda os que reforçam a tese do fim do mundo, com fictícias arcas de Noé espaciais à procura de um novo planeta para a humanidade habitar. 

O fim deste mundo também está apregoado pelo Apocalipse (Revelação), último livro do Novo Testamento adotado pelos católicos, ortodoxos e protestantes. O Apocalipse para o cristianismo significa revelação de coisas secretas escolhidas por Deus. O livro tem a pré-visão dos últimos acontecimentos na Terra, durante e após o retorno do Messias de Deus, quando ocorre o Armagedom, que é a batalha final de Deus contra a iniqüidade humana no simbólico Monte Megido. Alguns católicos e protestantes acreditam que as profecias previstas no Apocalipse já estão se concretizando, crenças estas também vinculadas à ressurreição dos mortos, o dia do Juízo Final, além o céu e o inferno da tradição judaica-cristã-islâmica.

Há os que defendem o fato de várias civilizações apresentarem narrações apocalípticas porque têm uma origem comum e ancestral, muitas vezes deturpadas pela transmissão oral. Aliás, antes do surgimento da escrita, o homem valia-se deste meio para transmissão do conhecimento às futuras gerações, pois a memória auditiva e visual era o recurso disponível para armazenamento das e experiências humanas, que estavam intimamente relacionadas à memória dos anciões, então considerados os mais sábios pelo conhecimento acumulado. A identidade cultural de um povo também ficava guardada pelos contadores de histórias, cantores ou arautos de outros tipos, espécies de portadores da memória popular.

Há também quem diga que o Apocalipse tem apenas um caráter ecológico e se refere à tendência que o homem civilizado tem para destruir o mundo que o cerca. Na crença protestante do Arrebatamento, esse período precede a Grande Tribulação, quando haverá um caos total sobre a terra durante sete anos, com o governo do Anti-Cristo (líder político mundial), do Falso Profeta (líder religioso ecumênico) e da Besta (O deus da futura religião). Acreditam ainda que na segunda vinda de Jesus, ele reinará por mil anos junto com os salvos, que serão depois elevados para o reino dos céus, deixando na Terra os demais seres humanos que não o aceitaram como salvador. Segundo a crença cristã, após o Milênio, acontecerá o Juízo Final e a constituição de um novo céu e de uma nova Terra.

Os católicos, porém, não aceitam esse tipo de Arrebatamento, nem tampouco no Milênio, literalmente falando, mas em um lapso de tempo entre a Ascensão de Jesus e a Parusia, que é a segunda vinda de Jesus Cristo no Final dos Tempos, que julgará pessoalmente cada homem segundo sua fé e obras. Os justos serão salvos e gozarão a vida eterna, a criação será renovada e os maus condenados eternamente ao inferno.

Sobre o Fim do Mundo, aliás, existem muitas profecias. Cada religião tem uma crença diferente sobre a extinção do planeta Terra, mas a profecia mais famosa é de Michel de Notre-Dame, mais conhecido como Nostradamus, médico francês nascido em 1503, que garantiu que o mundo ia acabar em 11 de outubro de 1999. Ele aprendeu letras e ciências, inclusive as ocultas, como a astrologia, mas se destacou politicamente como conselheiro dos reis da França, além de ser o homem de confiança da rainha Catarina de Médicis.

Nostradamus previu acontecimentos históricos e fatos importantes da humanidade, alguns deles com precisão. Previu três anticristos encarnados em seres humanos: Napoleão Bonaparte e Adolf Hitler, além de um terceiro, que muitos julgam ser Bill Gates III, cuja soma numerológica é exatamente 666, que é o número da Besta prevista pelo profeta francês. De acordo com Nastradamus, o Armagedom iniciará com o poder do Anti-Cristo, surgindo ainda falsos cristos e profetas para enganar os homens.

Nas Centúrias de Nostradamus encontramos descrições do último e mais poderoso Anticristo, prevendo uma Era do Terror com a fome universal e pouca chuva.

            A par de futuros acertos simbólicos como guerras, lideranças e pestes, Nostradamus não foi o único profeta a errar nas suas previsões catastróficas. O astrólogo João de Toledo profetizou em 1179, um cataclismo que ocorreria em setembro de 1186, considerando sob o signo de Libra, com temporais e terremotos, mas nada aconteceu. Toledo justificou-se dizendo que foi apenas um pequeno erro interpretativo, falácia que gerou pânico, desespero, suicídios e saques. Um grupo de astrólogos ingleses anteviu que o fim do mundo se daria por meio de um dilúvio no dia 1º de fevereiro de 1524, previsão que levou milhares de pessoas a abandonar Londres em busca de terras mais altas. O fato não aconteceu, a cidade foi saqueada durante o dia da falsa previsão e os astrólogos disseram que foi um pequeno erro de cálculo e que a hecatombe ocorreria cem anos depois, ou em 1624, que também não aconteceu.

            Outro europeu, o astrólogo Johannes Stoeffler, que era catedrático universitário e conselheiro da corte, também previu desde 1499 um dilúvio para 20 de fevereiro de 1524, fato errôneo que fez o conde Von Iggleheim construir uma arca enorme de três andares para abrigar sobreviventes. No dia fatídico caiu uma chuva logo pela manhã, levando pânico a uma turba de gente que tentou invadir a arca. O conde saiu na defesa de seu patrimônio e matou um dos invasores, mas morreu pisoteado pela multidão. O tumulto se generalizou até abrandar a chuva, levando a população a se matar mutuamente, principalmente crianças, velhos e mulheres. A arca foi totalmente destruída naquele mesmo dia e Stoeffler simplesmente previu novo fim do mundo para 1528, mas ninguém lhe deu crédito.

Diante de tanta profecia infundada, o monge e astrólogo Michael Stifel levou uma tremenda surra em praça publica por ter previsto um novo e falso fim do mundo para 18 de outubro de 1533. Depois de um hiato de quase dois séculos, houve um novo anuncio do fim do mundo por meio de um dilúvio, dessa feita através de William Whiston, que anteviu o evento para 13 de outubro de 1736, por coincidência também sob o signo de Libra! Recentemente, os astrólogos hindus anunciaram que o fim do mundo ocorreria em 2 de fevereiro de 1962, por conta de junções planetárias. A falácia da previsão foi por eles justificada porque os deuses mudaram de opinião e não desejaram o fim do mundo.

Vale citar que o fim dos tempos já foi datado quando a páscoa caísse em 25 de abril, tal como ocorreu em 1666, 1734, 1886, 1943. Em 2038 será a próxima data coincidente, caso o mundo não acabe conforme o Calendário Maia (21 de Dezembro de 2012). Mas Isaac Newton, cientista que entrou para a História depois de formular a Lei da Gravidade, previu que o mundo acabará em 2060. Sobre o assunto, a Universidade Hebréia de Jerusalém expôs pela primeira vez ao público alguns manuscritos sobre alquimia e profecias bíblicas desse cientista inglês nascido no século XVIII, anunciando o Apocalipse para 1.260 anos após a refundação do Sacro Império Romano feita por Carlos Magno em 25 de dezembro de 800.

Dentre as igrejas tidas como evangélicas, a que mais se destaca pela doutrina do Apocalipse é a Adventista do Sétimo Dia, que se tornou também bastante conhecida pelos seus hospitais, escolas e programas radiofônicos intitulados A Voz da Profecia. Ellen G. White, pródiga escritora e principal porta-voz da Igreja Adventista do Sétimo Dia, aceitou, em sua adolescência, as interpretações bíblicas de Guilherme Miller, sofrendo, juntamente com outros 50 mil adventistas, o não cumprimento da profecia de Daniel, defendida pelos millerita e que previa o final dos tempos para 22 de outubro de 1844. Na Historia da Redenção, Ellen G. White diz: “Já em 1842, o Espírito de Deus comoveu a Carlos Fitch (discípulo de Miller) a preparar um mapa profético, que foi geralmente considerado pelos adventistas como o cumprimento da ordem dada pelo profeta Habacuque”.

Sobre o assunto, houve um grande movimento baseado no estudo da profecia de Daniel que influiu sobre o cenário religioso americano no século XIX, quando lideranças das principais denominações evangélicas norte-americanas se envolveram no movimento que ficou conhecido como millerita, procedente do nome de seu principal expoente Guilherme Miller (1782-1849), um camponês nascido de pais batistas, que em 1816 concluiu que a segunda vinda de Cristo se daria entre 21/3/1843 e 21/3/1844. Ele calculou que os 2300 dias mencionados na profecia de Daniel seriam contados a partir do retorno de Esdras a Jerusalém (457 a.C.). Nesse período de tempo, Cristo reapareceria sobre a terra e reinaria com os santos pelo espaço de mil anos, durante os quais se daria a exaltação dos bons e a condenação dos maus, como prevê o Evangelho.

Depois de realizar 120 assembléias com a participação de milhares de ouvintes, a comunidade batista excomungou Miller, que tinha mais de cinco mil discípulos em 22 de outubro de1843, quando o evento profético não se realizou. Refez o cálculo, marcando uma nova data para o início de outro frustrado fim do mundo (22/10/1844), ocasião em que alguns seguidores de Miller se arrefeceram e outros o seguiram com a denominação de adventistas, dentre eles Ellen G. White, cuja extensa obra é tida como inspirada por Deus. O termo adventista refere-se à crença no advento da segunda vinda de Jesus à Terra e a consagração do sétimo dia pela crença de Deus ter estabelecido o sábado para o descanso físico e espiritual do homem.

Crendo ou não no fim do mundo ou no término da vida humana na Terra, essa possibilidade a civilização moderna não pode descartar devido às leis físicas observadas na natureza. Quantas estrelas nascem e morrem nas galáxias? Existem muitas teorias apocalípticas, como a ruptura de oceanos e continentes, que despeja cidades no mar, arrasta civilizações para os pólos e gera terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas e outros desastres. Muitos cientistas descartam cenários tão drásticos, mas outros têm especulado que um deslocamento da crosta terrestre possa ocorrer, inclusive mudar radicalmente a distribuição de massa do planeta, com o derretimento das calotas polares, destruição de ecossistemas e outras cataclismos.

Alguns astrólogos garantem que em 2012 irá se encerrar com um alinhamento galáctico, o primeiro em 26.000 anos, quando o trajeto do sol pelo céu cruzará com o ponto médio da Via Láctea. Alguns temem que esse alinhamento de alguma forma exponha a Terra a poderosas e desconhecidas forças galácticas que irão precipitar o seu fim, talvez através de um deslocamento polar ou movimento supermassivo de um buraco negro do coração da nossa galáxia. O futuro, porém, só pertence a Deus.

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