segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


NOVA RODOVIA INTEGRA O BRASIL AO PERU

 

Atrás do Paraíso Perdido, o engenheiro Euclides da Cunha (1866 -1909), autor do Os Sertões, e então recém-nomeado chefe da Comissão do Alto Purus, desembarcou na Amazônia nos primórdios do século XX, quando teve um sonho que somente se realizaria 100 anos depois: o da unificação do continente Sul-Americano através de uma rodovia interoceânica, ligando o Brasil ao Oceano Pacífico.  

Hoje, graças aos esforços dos governos do Brasil e Peru, os portos de Ilo, Maratani e San Juan, na costa peruana do Oceano Pacífico, já estão acessíveis aos brasileiros. Junto com a Estrada do Pacífico, além das obras rodoviárias no território peruano, o projeto realiza, pela primeira vez na história da América Latina, esse sonho tão almejado pelo escritor que possuía grande visão relativa à Amazônia. Para Euclides da Cunha, somente a implementação de políticas públicas de infraestrutura poderia tornar possível o Brasil interligar- se ao Pacífico e se integrar a seus vizinhos da América do Sul, em especial ao Peru, o que também é uma premonição do atual fenômeno comercial chinês e de que esta estrada seria fundamental para o desenvolvimento nacional.

Em 2005, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na cidade peruana de Puerto Maldonado, do lançamento da pedra fundamental dessa sonhada rodovia, denominada Interoceânica. O presidente brasileiro ressaltou na ocasião que a obra representa a concretização do sonho de integração e um símbolo de que os povos latinos-americanos podem superar as limitações que travam o desenvolvimento do continente, pois a construção da rodovia é o início de um novo capítulo na história da região. “Iniciamos a integração física de nossos países e estamos concretizando o sonho de muitos que morreram lutando para que a nossa América Latina pudesse sofrer um processo auspicioso de integração”, enfatizou o presidente Lula.

Em janeiro de 2006, foi inaugurada a ponte binacional, que liga os municípios de Assis Brasil, no Acre, a Iñapari, no Peru. A ponte, construída sobre o rio Acre, possui 240 metros de extensão, pista duplicada e passarelas para pedestres nas duas laterais. Essa obra representou um investimento aproximado de R$ 25 milhões, com recursos do Governo Federal e do Governo do Estado do Acre. Pela BR-317, a também chamada Rodovia do Pacífico, totalmente asfaltada no Acre, o Brasil se une à fronteira com o Peru e, consequentemente, com os portos de Ilo, Maratani e San Juan, na costa pacífica.

Independentemente do desenvolvimento econômico e do estímulo ao intercâmbio comercial que a Rodovia Interoceânica traz para os mercados fronteiriços, o turismo também será altamente beneficiado com o empreendimento, pois proporciona um grande elenco de atrativos e destinos, unindo a exuberante planície amazônica às exóticas montanhas de floresta da cordilheira dos Andes e às históricas fortalezas sagradas do império Inca, além das ruínas de Macchu Picchu, eleita como uma das sete maravilhas do mundo moderno, onde o turista de qualquer parte do Brasil poderá agora aventurar-se de carro.

Partindo do Acre, por Assis Brasil, em poucos quilômetros chega-se até a vizinha cidade peruana de Iñapari, distante 230 quilômetros de estrada de piçarra até Puerto Maldonado, cidade de porte médio considerada a capital dos Andes tropicais peruanos. Dali, a rodovia segue rumo ao Pacífico, passando por Cuzco, capital do vale sagrado dos Incas, visitada por milhares de turistas do mundo inteiro. Entre Puerto Maldonado e Cuzco são 510 quilômetros de subida pela selva e pelas montanhas das cordilheiras dos Andes, onde encontra-se o único trecho crítico da estrada e que está sendo trabalhado pelo governo peruano. O trecho de 300 quilômetros antes da subida das cordilheiras apresenta pequenos defeitos, principalmente na passagem por pequenas pontes e cancelas montadas sobre os riachos e igarapés que descem dos Andes. De Cuzco, a viagem prossegue tranquila para Arequipa, a mais antiga das cidades peruanas. Nesse trecho de 520 quilômetros a estrada é de cascalho bem compactado e apresenta bom tráfego durante o ano todo.

De Arequipa, a viagem do Acre ao Pacífico pode ser concluída pelos 310 quilômetros de boa rodovia até a cidade portuária de Ilo, no sul do Peru, próxima à fronteira com o Chile. O porto de Ilo é o mais próximo do Acre, a 1.900 quilômetros de distância. A pavimentação da Rodovia Interoceânica custará mais de US$ 700 milhões, oriundos dos governos brasileiro e peruano e da Confederação Andina do Fomento (CAF), cujas obras do primeiro trecho é de 700 quilômetros, entre Assis Brasil e Cuzco, onde o tráfego é considerado difícil. O trecho até Urcos, a 45 quilômetros de Cuzco, está em pavimentação. A conclusão da obra está prevista para julho de 2010.

O governo peruano também pretende concluir uma rodovia alternativa que, a partir de Puerto Maldonado, poderá encurtar em cerca de 400 quilômetros a ligação rodoviária entre Rio Branco e o porto de Ilo. Trata-se esta de uma estrada, cujo traçado já existe, que ligará Puerto Maldonado a Puno, próximo à fronteira peruana com a Bolívia. Com essa rodovia, a ligação rodoviária entre a capital do Acre e o Pacífico peruano será reduzida para apenas 1.500 quilômetros, passando por uma região menos montanhosa do que a da subida das cordilheiras.

Nesse contexto, o Acre é um dos pontos estratégicos para a consolidação das interconexões econômica, comercial, social e cultural entre Brasil, Bolívia e Peru. Aliás, o Estado está fazendo uma verdadeira revolução em matéria de desenvolvimento e já passa a ocupar espaço de destaque nas estratégias dos poderosos grupos financeiros interessados em grandes investimentos.

Para os que desejam visitar apenas Cuzco, existem, ainda, duas outras maneiras de se chegar a esta cidade histórica peruana: por avião, mais convencional e objetiva, e pelo lendário “trem da morte”, essa última, uma viagem conhecida há décadas pelos mochileiros. A via aérea é a mais simples para quem tem pouco tempo: há vôos diários de diferentes empresas aéreas brasileiras e internacionais (LAN, TAM, GOL, etc.) com destino a Lima, capital do Peru, cujas viagens sem escalas duram até cinco horas. Os vôos domésticos da capital peruana duram aproximadamente uma hora e saem todas as manhãs em direção à cidade de Cuzco. Há também a possibilidade rodoviária para esse trecho, através da rodovia Panamericana Sur, ou dos ônibus de empresas rodoviárias, como a Cruz del Sur, em viagem que pode durar até 20 horas.

O trem boliviano é o tradicional roteiro utilizado pelos mochileiros brasileiros que vão à Cuzco, uma viagem ideal para quem quer gastar pouco, dispõe de tempo e deseja aventura. O trajeto começa em direção de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, pela Viação Andorinhas. O viajante segue até Puerto Quijarro, fronteira da Bolívia com o Brasil, para tomar o famoso “trem da morte” para a cidade de Santa Cruz de la Sierra (empresa Companhia Oriental), seguindo 18 horas de viagem pelas linhas férreas bolivianas até La Paz. Da capital boliviana, o turista segue de táxi ou coletivo rumo à Copacabana (ainda na Bolívia), na margem oriental do lago Titicaca. Na outra margem está a cidade peruana de Puno, de onde é possível seguir para Cuzco, por trem (Peru Rail) ou ônibus, através de pequenas empresas de transporte locais.

Por causa do acordo de livre circulação entre os países da América do Sul, brasileiros têm acesso fácil ao Peru. Apenas com a carteira de identidade e o comprovante da vacina de febre amarela, tomada ao menos 10 dias antes da viagem, é possível entrar em terras peruanas.

Roteiro:
Distância rodoviária entre Rio Branco, no Acre, e o oceano Pacífico: 1.900 km.
Rio Branco-Brasiléia (Acre): 220 km de estrada asfaltada.
Brasiléia-Assis Brasil (Acre): 110 km de asfalto. Assis Brasil, na fronteira tríplice, é separada da Bolívia por um igarapé e do Peru pelo rio Acre.
Assis Brasil-Iñapari-Puerto Maldonado: 230 km. Iñapari é uma pequena cidade peruana. Puerto Maldonado é de porte médio e, para chegar até lá, passa-se pelo rio Madre de Dios (nome boliviano do rio Madeira), um dos maiores afluentes da margem direita do rio Amazonas.
Puerto Maldonado-Cuzco: 510 km. Esse percurso é de estrada de pedra e cascalho, rodeada de mata e montanhas até a cidade lendária de Cuzco, antes da subida para a cordilheira dos Andes.
Cuzco-Arequipa: 520 km, trecho mais crítico.
Arequipa-Ilo: 310 km. De Ilo, cidade portuária, pode-se ter acesso à rodovia Pan-americana.


TURISMO CULTURAL NO PERU

 

O mundo globalizado de hoje coloca um grande leque de destinos turísticos na agenda das pessoas interessadas, principalmente pela facilidade de ofertas e preços das passagens aéreas. Não faltam pacotes de viagens para todos os bolsos e gostos, que também incluem hospedagens, excursões e bons guias aos mais diferentes lugares da Terra. O Peru é um desses destinos, um país que conta com belas e variadas atrações turísticas devido a sua rica história, a sua cultura milenar, a sua topografia exuberante e a gastronomia exótica. É um país com mais de cem mil destinos arqueológicos, razão pela qual o 80% do turismo é de caráter cultural, além de ser também rico em diversidade de animais e plantas.

Aos amazônidas, soma-se ao Peru um interesse especial – nele está a nascente do seu maior caudal, o rio Amazonas, no alto da parte ocidental da cordilheira dos Andes, no sul do Peru, que recebe, ao longo dos 6.937,08 quilômetros de seu percurso, os nomes de Carhuasanta, Lloqueita, Apurínac, rio Ene, Tio Tombo, Ucayali e Solimões. Esse também foi a civilização ansestral de diversos povos que formou a identidade cultural da região, além de ser o ponto de partida de Francisco Orellana, descobridor do rio Amazonas, cuja expedição deu também origem ao nome da Amazônia (1541).

A hisória do Peru data de civilizações pré-incas até os dias de hoje, tendo origem em culturas litorâneas como os Moche eos Nazca que floresceram entre 700 a.C. e 100 a.C., cujo o primeiro produziu notáveis instrumentos de metal e os mais excepcionais trabalhos em cerâmica da antiguidade, enquanto a cultura Nazca é conhecida pelo seu trabalho com têxteis e as enigmáticas Linhas de Nazca, só vistas do alto.

As cidades de Lima, que antigamente o conquistador Pizarro denominara Cidade dos Reis, com seu centro histórico, e Cuzco, que se caracteriza por sua arquitetura incaica e colonial são os lugares mais visitados pelo turismo receptivo peruano. Seus principais atrativos, entretanto, são o Vale Sagrado dos Incas e o sítio arqueológico de Machu Picchu (eleita como uma das sete novas maravilhas do mundo). O principal circuito turístico do país é o circuito sul, que engloba cidades de Ica, Nasça, Paracas, Arequipa, Chivay, Puno, Cuzco e Porto Maldonado, com grandes atrações arquitetônicas, culturais e naturais. Este circuito actualmente ampliou-se até a selva da região Mãe de Deus, onde o Parque Nacional do Manú é um ponto inevitável do turismo ecológico.

Callejón de Huaylas, na região do Ancash, é a segunda mais importante rota e sede do turismo de aventura peruano, onde se destaca o Parque nacional Huascarán e o principal ponto gastronômico novoandino.  Há ainda inúmeras outras rotas turísticas a oferecer, como as do vale do rio Mantaro, a cidade de Huancayo, na costa central sul e as cidades Trujillo, Chiclayo e Lambayeque, próxima a qual se encontra o Museu Tumbas de Sipán, que são pontos de partida para o circuito turístico das demais regiões do nordeste do país. Outro destaque peruano é o departamento de Puno, que se localiza no sudeste do Peru, na Meseta del Collao. A cidade homônima está a 3827 metros sobre o nível do mar , a margem do Lago Titicaca, um dos ícones geográficos dos Andes.  É considerado o porto lacustre do país e centro cultural do Altiplano.

Machu Picchu é um capítulo a parte no turismo cultural e arqueológico do Peru, pois traduz mistérios em cada pedra, que parece ter uma história interessante para contar. O monumento de pedras talhadas dispensa grandes apresentações e continua sendo uma fonte inesgotável da imaginação, teorias e poesias. Construído num lugar dos Andes de privilegiada beleza e difícil acesso, as ruínas de Machu Picchu, antiga cidade fortificada dos incas cujos jardins eram ligados entre si por mais de três mil degraus, em diferentes níveis, numa das zonas mais elevadas dos Andes, no centro-sul do Peru, próximo a Cuzco, antiga capital do império inca. A cidade foi construída num estreito planalto a 2.400 metros de altitude, dominado pelo pico escarpado de Huayna-Picchu.

Na Amazônia peruana, em Iquitos, o caudaloso rio Amazonas tem muito que oferecer ao turismo, onde se encontra grande parte da biodiversidade do país, inclusive em duas grandes reservas nacionais, a Pacaya-Samiria e a Alpahuayo-Mishana, que são áreas naturais de interesse ao turismo ecológico. Mas, para se conhecer lugares autóctones no Peru, o Departamento de Puno e os Distritos de Ajoyani, Ayapata, Coasa, Corani, Cruzeiro, Ituata, Macusani, Ollachea, San Sobretudo e Usicayos são destinos certos a serem visitados.

Para os brasileiros que desejam visitar apenas Cuzco, existem três maneiras de se chegar a esta cidade histórica peruana: por avião, mais convencional e objetiva, pela rodovia recém-denominada Interoceânica (Estrada do Pacifico), que liga a cidade acreana de Assis Brasil ao Porto de Ilo, e pelo lendário “trem da morte”, essa última, uma viagem conhecida há décadas pelos mochileiros. A via aérea é a mais simples para quem tem pouco tempo: há vôos diários de diferentes empresas aéreas brasileiras e internacionais (LAN, TAM, GOL, etc.) com destino a Lima, capital do Peru, cujas viagens sem escalas duram até cinco horas. Os vôos domésticos da capital peruana duram aproximadamente uma hora e saem todas as manhãs em direção à cidade de Cuzco. Há também a possibilidade rodoviária para esse trecho, através da rodovia Panamericana Sur, ou dos ônibus de empresas rodoviárias, como a Cruz del Sur, em viagem que pode durar até 20 horas.

O trem boliviano é o tradicional roteiro utilizado pelos mochileiros brasileiros que vão à Cuzco, uma viagem ideal para quem quer gastar pouco, dispõe de tempo e deseja aventura. O trajeto começa em direção de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, pela Viação Andorinhas. O viajante segue até Puerto Quijarro, fronteira da Bolívia com o Brasil, para tomar o famoso “trem da morte” para a cidade de Santa Cruz de la Sierra (empresa Companhia Oriental), seguindo 18 horas de viagem pelas linhas férreas bolivianas até La Paz. Da capital boliviana, o turista segue de táxi ou coletivo rumo à Copacabana (ainda na Bolívia), na margem oriental do lago Titicaca. Na outra margem está a cidade peruana de Puno, de onde é possível seguir para Cuzco, por trem (Peru Rail) ou ônibus, através de pequenas empresas de transporte locais.

Por causa do acordo de livre circulação entre os países da América do Sul, brasileiros têm acesso fácil ao Peru. Apenas com a carteira de identidade e o comprovante da vacina de febre amarela, tomada ao menos 10 dias antes da viagem, é possível entrar em terras peruanas.

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